domingo, 25 de dezembro de 2011

Lembrança dos livros

Hoje, nessa tarde de outono, sentindo uma ânsia de nostalgia fora de comum, resolvi mexer nos meus livros antigos. Das lembranças que cada um carrega sobre a minha vida, queria reler os trechos que eu grifei pra ver se eles ainda têm alguma coisa a ver comigo. Com alguns eu sorria, com outros eu ainda tinha vontade de chorar. E entre poeiras e lembranças eu achei o livro que você me deu. Fiquei olhando pra ele, tão antigo e amarelado em minhas mãos, a minha vontade era de abraça-lo, mas não o fiz. Peguei o livro e sai da poeira, me retirei da presença das outras lembranças, eu já tinha escolhido a qual eu ia me dedicar. Sentei-me na varanda e comecei a folhear. Na primeira pagina em branco, uma dedicatória.
“De acordo com os seus olhos, eu preciso cuidar-te como uma flor. Mas meu desejo é apreciar-te e cuidar-te como mulher. A mulher que reina em meus olhos e habita em meu corpo. De acordo com meus sentimentos, eu lhe presenteio com meu livro preferido, meu livro preferido há muitos anos, mas agora ele é teu. Pena que não tem como ele ser mais teu do que eu.”
Todas as vezes que eu tentava ler o livro, eu travava na dedicatória, como travei agora, pensei em tudo e consegui até sorrir. Quando estávamos juntos, eu não tive tempo de lê-lo inteiro. Você desistiu de mim antes mesmo de eu conseguir chegar à metade, mas depois disso o li mais de mil vezes, seu romance preferido desde a adolescência, livro que já veio pra mim com cheiro de antigo. Eu ia lendo e nos trechos favoritos eu ia guardando as poesias de saudade que eu fazia, e cada vez que chegava a ultima página, eu escrevia o quanto eu desejava que aquilo tivesse tido um final diferente.
No meio do livro, bem na metade das páginas ainda está àquela florzinha que você me deu, naquele dia que bateu na minha porta as três da manha só pra me dizer que estava com saudade.
“Minha flor, temos todo tempo do mundo”, sua frase de efeitos pras minhas duvidas passageiras, e pra qualquer tipo de briguinha, eu sempre ganhava uma poesia, lembro bem da existência delas, uma pena que eu tenha queimado todas.
Eu nunca mais te vi, nunca soube o real motivo de você ter terminado e sumido. Você não foi o amor da minha vida, nem chegou a ser um dos grandes (desses, eu tenho caixas de lembranças.), você foi o meu primeiro mentiroso, o meu primeiro lindo que “se apaixona e desapaixona” muito fácil. Isso não me fez mais ou menos mulher, me fazer ganhar mais um livro e escrever algumas poesias. O triste mesmo, é que eu realmente achava que tínhamos mais tempo, nunca pude te entregar o livro que te comprei, um daqueles raros que você tanto queria. Eu me declarei em cada espaço em branco. Um triste equivoco, eu realmente achei que tínhamos todo o tempo do mundo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Caso seja digno.

Eu simplificaria meus pensamentos, colocaria meu cérebro numa bandeja de prata e te disponibilizaria os melhores instrumentos, para que com todo teu afeto, você conseguisse disseca-lo.  Daria a você um guia de pesquisa. Te ajudaria a me entender. Te contaria meus autores preferidos, meus sonhos de amor e meus medos de vida. Eu te ajudaria com os pesos do cotidiano e te receberia com os melhores carinhos do mundo. Permitiria que você habitasse em meus pensamentos, te concederia musicas e lembranças. Meu corpo nu poderia ser o seu presente. Nu, com lingeries ou fantasias, tudo do seu gosto. Minha falta de pudor e o excesso de desejo iram junto. Permitiria que você visse minhas tatuagens nos ângulos mais privilegiados. Te realizaria os desejos. A dor seria linda, gostosa e me fazendo gritar e querer te engolir inteiro. Até meus suspiros aleatórios durante o dia poderiam ser seus.
Mesmo eu te oferecendo tudo, até o meu dinheiro, a melhor coisa que eu posso te oferecer é a minha poesia, por que nessa dádiva, te ofereço meu tudo. Meu melhor. Minha essência. Nada em mim é tão meu quanto ela. E eu nunca serei tua, se você não for digno de conquista-la.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Quinta e ultima carta

Essa você vai ler na minha frente, quero ver todas as suas caras.
Meu amor, eu preciso dos teus olhos
das tuas mãos que me auxiliam
do teu cheiro que entranha em tudo que é meu.
Preciso do teu eu, pra que minha poesia fique completa
do cheiro dos teus travesseiros, do seu xixi de porta aberta.
Necessito da sua compulsão em arrumar tudo o que é meu,
 da sua habilidade de podar todos os meus excessos.
Esse teu sorriso que deixa meu espirito calmo,
que faz de mim menos “muito louca”.
Já consigo me imaginar sentada na sua frente, nervosa, como se esse fosse nosso primeiro encontro. Te devorando inteiro, sem fazer a menor força pra disfarçar. Nessa hora, bem agora, você vai morder o lábio inferior, fazendo aquela cara que adoro. Você vai rir pra mim e eu vou rir de você. Nessas cinco semanas, eu percebi que eu posso viver sem você, que eu consigo; Mas sem você a minha vida não é minha, nada fica completo, eu não fico feliz. Eu ficaria só existindo, escrevendo saudades, utilizando suas palavras em meus papeis, sendo sua sem você ser meu.
 Olha só você, tão lindo. Meu anjo ajudador.
Quero grudar em você como uma sanguessuga as avessas, eu vou grudar e te passar todo meu amor, te passar meu sangue, minha vida. Quero te ajudar até nas organizações, quero fazer amor, sexo, mimimizinho, transar, meter, foder contigo em todos os lugares dessa casa, começando bem ai, onde você está sentado. Preciso te olhar nos olhos e deixar você ver o quanto eu sou sua. Não um "ser sua" da boca pra fora, mas um ser sua, de realmente ser um todo, dependente de você.
Eu quis um tempo pra mim, eu fui a busca que algo que me faltava e eu encontrei, curti, me esbaldei com a solidão. Mas sem você, até a companhia da solidão na solidão é chata. Você é meu melhor parceiro de solidão, de multidão... Meu melhor parceiro de vida. Olha pra mim, eu te amo tanto. Cada parte desse corpo está vibrando por estar tão perto de você.
E de tanto pensar em você, descobri que você é perfeito, por que minhas qualidades completam seus defeitos e as suas qualidades completam os meus. Somos perfeitos por que nos fazemos perfeitos. És perfeito por que habitas em mim, e o ato de ser tua moradia, cativa a perfeição em mim.
Deixa essa carta pra lá e vem pra mim
vem voltar pra tua casa,
 vem ser rei dentro de mim.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Enquanto você dormia

Hoje o céu está tão lindo, tão azul. O vento que entra em minha janela espalha o seu cheiro pelo meu quarto e isso faz com que a respiração fique mais agradável. Você está no banho, eu consigo te ouvir cantar daqui, tão lindo. Então você deita ao meu lado, parece uma criança, todo ansioso pelos meus carinhos, como se o meu cafuné fosse umas das melhores coisas dessa vida. É inexplicável como um homem com as costas largas como a sua, consegue parecer um bebê gordinho de seis meses quando está dormindo, tão frágil.
Essa tua mania de cochilo logo depois de acordar, é engraçada, por que o cochilo pós-sono, sempre fira sono profundo de novo. Tanta cama pra se espalhar, mas você quer meu corpo,  quer me usar de cama e travesseiro. E a cada ameaça de despertar, você me cheira, me aperta, como se quisesse ter certeza que não está sonhando. O dia está tão lindo, o vento invade meu quarto, balança minhas cortinas e te arrepia as costas nuas. Vento frio, corpo quente. Eu aqui, de plateia vip, sendo o anjo (teu anjo) que vela seu sono. Sendo o amor que te assiste dormir. Ver o homem que me protege assim, tão vulnerável, tão dependente, tão pequeninho me faz trocar horinhas de sono, de esteira ou de leitura por essa cena linda, teus músculos tão calmos, sua barba tão perfeita de mal feita. Eu vou continuar aqui, te fazendo carinho até você acordar, crescer e se esticar todo na minha cama, tacando tudo que tem nela no chão. O vento sopra e bagunça nossos cabelos, o sol deixa teu olhar mais claro... Você me olha nos olhos, beija meu nariz e diz:
Bom dia sonho meu.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Vontade de você.


Hoje a noite não tem estrelas, está frio e eu me recuso a ir me agasalhar. Frio é psicológico e eu sinto uma vontade grande de entrar na piscina. Vento frio e bolas de chiclete... Ploc. As coisas continuam as mesmas desde o ultimo texto, não tão iguais, já que não estou triste, mas também não estou completamente satisfeita. Sinto tão da criatividade. Todos os dias. Um sundae de morango com muito amendoim ou castanha, como preferir chamar, me veio visitar a mente algumas vezes hoje e me trouxe a memória uma promessa de texto. Essa promessa que eu não sei se vou conseguir cumprir. Textos, textos... Por que vocês têm fugido tanto de mim? Sinto-me tão vazia, sem utilidade. A sensibilidade habita em mim desde as primeiras frases que escrevi na infância. Escrever sempre foi a minha onda, aquilo que faz com que eu me sinta especial. E quando eu não consigo criar, o que eu sou? Alguém que tem um papel, mas não consegue exerce-lo.