Estou sentada na sombra, sentada em baixo de uma arvore. O mundo
parece mais fresquinho daqui. “Sombra e água fresca.” O dia está bonito, o céu
está tão azul que chega a dar paz. Andei lendo uns textos antigos, textos de
meses.
Eu posso dizer que mudei. Quem diria... Eu mudando. Sim,
logo eu! Sempre achei que nunca mudaria. Eu e todo o resto também. Outro dia eu
conheci um par de olhos quase negros, esses mesmo olhos que me servem tanto de
inspiração. Eles me ensinaram umas coisas, uns jeitos e posições diferentes. Esses
que eu aprendi a conhecer de tanto observar. E o dono dos olhos, que eu passei
a conhecer por teimosia minha, por querer bem. Eu fui juntando muitos
pedacinhos, gestos, olhares e frases. Eu conheci um homem incrível, de olhos
lindos e alma encantadora.
Percebi que mudei, e agora?
Choro, agradeço ou entro em pânico? Lembro-me do primeiro
texto que fiz. Lembro-me da vontade incrível de não fazer, mas aqueles olhos
fizeram existir um texto em mim, então escrevi. Eu costumava ser durona, hoje
eu estou tão boba e apaixonada. Escrevendo nos momentos de saudade e de
felicidade.
Durante umas semanas eu me questionava “Como eu me deixar
apaixonar? Onde errei?” Mas com o tempo eu percebi que eu não tinha muita
escolha, aqueles olhos eram os olhos mais apaixonantes que eu já visto na vida.
“Como alguém conseguiria não se apaixonar você?”
Eu me apaixonei sem sentir, tentei negar, mas já não
conseguia resistir aqueles olhos quase negros.
Qual seria a graça de sentir se o dono dos olhos não puder
saber?
Lembro da noite de lua cheia, lembro do inicio onde eu
achava que seria só uma coisa boa e logo eu enjoaria, lembro quando me assustei
por pensar nele antes de dormir.
Sim, eu mudei e ele nem sabe como eu era antes. Acho que sou
melhor assim... Quase nem sinto vergonha de pagar esse tipo de paixão. Ele me
faz feliz. Meu homem de quase dois metros, esse que parece um garotinho quando
deita na minha barriga pra receber carinho.
Percebi que mudei... E agora?
Agora eu sinto saudade daqueles olhos e do barulho da
risada. Saudade da cara de vergonha que me faz rir, do abraço do tamanho do
mundo e que acalma meus medos. Saudade da infinidade de palavras que meus olhos
me dizem em silêncio.
Percebi que mudei e estou feliz. Mudei e amo ser a primeira
coisa que os olhos quase negros veem quando acordam.