Antes, há algum tempo atrás, eu escrevia como quem fosse
morrer, mas eu me encontrava em um lugar muito seguro. Pessoas elogiam minha
coragem, e eu nunca conseguia entender. A minha exposição vinha de tudo aquilo
que existia na minha cabeça, meus carrascos eram imaginários e os poucos que
eram reais não existiam no mesmo mundo que eu.
“Parabéns por se
expor dessa forma, sem amarras com a possibilidade de magoar e principalmente
por dar a cara pra bater.”
Hoje, tendo a liberdade de sentir de verdade o que
preciso passar para o papel, eu não consigo me expor. Existo em palavras, mas
vivo em silêncios.
As palavras em minha alma entendem perfeitamente o estado do
meu corpo, e com isso, elas me “perturbam” mais. Não existem mais textos vagando
pela minha cabeça. Por fazerem parte de mim, conseguem entender todo o medo que
existe, todo o risco que corremos. Como se ao escrever uma frase, pudéssemos perder
o amor. Hoje eu consigo entender toda a covardia do sentir, que sem estar
segura, eu não consigo me expor em mais nenhuma linha. Sinto-me como uma
fraude, já que a coragem não existiu aqui quando eu realmente precisei.
Corri riscos e preferi calar. Silenciei aquilo que nunca me
permitiu ficar sozinha. Hoje sou silêncios. É como estar no lugar mais lindo do
mundo e preferir manter os olhos fechados.
Eu calei.