sábado, 27 de agosto de 2011

O casal


Eram um casal de poetas. Eram um casal. Ainda são poetas, ainda pertencem um ao outro. Um romance em verso e prosa, marcado por poesias feitas e recitadas ao luar. Poesia de sexo e amor acompanhadas por sonetos de medos, magoas, saudade e dor.
Ele era um poeta boêmio, poeta de muitos amores perdidos, de bebida e cigarro, com noites sem dormir. Daquele tipo que se perdeu em si e não se importa mais com nada. Poeta triste, de olhar vazio.
Ela é mulher malvada, resistente, triste, poeta romântica, lírica, medrosa, tão carente e instável. Mulher confusa que entrega o corpo e tranca a mente. Fêmea que foge, que tem medo da felicidade, de depender de alguém, de ser cuidada.
No dia que se atraíram, como polos diferente de um irmã, nesse dia, tudo fez mais sentindo, eles conseguiram encontrar a parte que faltava, a coisa que preenchia aquele vazio oculto. Aquele que seria responsável por matar a saudade costumeira, a saudade sem conhecer.
Aquela coisa que pula no peito, que faz o sexo deixar de ser vazio, aqui que vai além do pau dentro e gozar. A certeza de que estando dentro ou não, eles já eram um. Eram o complemento do beijo, do sexo, da poesia, da vida. O boêmio já não era mais triste, parecia ter encontrado o rumo. Mas ela... Ela não sabia ser feliz.
“Pobre menina, não sabia lidar com o que sempre sonhou.”
Ela estava tão acostumada com a companhia da solidão, que passou a não fazer questão das pessoas. Ela precisava ser poesia, sexo e cigarros, precisa sair do tédio, queria opções, mas não queria ser de ninguém. Ela era dela, e ponto. E com isso ela relutava muito, tinha ciúmes de tudo, queria motivos pra fugir, por que tinha medo de esperar o dia da fuga dele. Na cabeça dela, ele iria desistir, mais cedo ou mais tarde. Um dia ele a veria por dentro e sumiria. Não entendia que ele já tinha largado tudo, que quando mais ele a via, mais ele queria ficar. Que o sexo deles era o melhor do mundo, que ultrapassou todas as barreiras de intensidade conhecidas por ele. Tudo era forte demais e ela não sabia ser feliz. Ela não sabia não ser sozinha. “Para de fazer assim, eu sou teu, você é minha e eu não vou a lugar algum sem você!”
Ele se perdeu, ele tinha encontrado o caminho, tudo deveria dar certo agora, mas não estava dando. As lagrimas já estavam escassas, o coração estava em chamas sem nem uma lagrima pra aliviar. As palavras saiam tremidas, confusas, por que na cabeça e no peito, elas estavam no meio da ventania. “Olha pra mim, eu te amo! Você sou eu, eu não vou te deixar”
Ela fazia de tudo pra ele desistir, ela morria por ele continuar. Pobre mulher, tão insegura. A dor e as lagrimas a acompanhavam como amigas, a insegurança a traia. O amor lhe pedia misericórdia, “me deixe livre!”.
E eu só observava, não me atrevia a tentar ajudar. Eu me entristecia e via esse amor se perder e se encontrar, eu via a pureza pegando o caminho errado, de destino duvidoso. Um amor que ama por sofrer, que sofre por amar. Eram um casal de poetas, eram um casal. É um amor, é pra sempre. Ele não vai a lugar nenhum, e ela vai insistir que ele vá. A felicidade se afasta, os defeitos e inseguranças se misturam, mas e o amor... Ninguém tem pena dele?

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