quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Esquerda e direita


“Ambos estavam deitados de barriga pra baixo, ela virada pra esquerda e ele pra direita. Quando começaram a dormir estavam abraçados, com o passar das horas, os corpos seguem em suas posições mais confortáveis pra dormir, mas os pés sempre se tocam. Tocam-se, aquecem e acalmam.
Ela pensa que isso poderia acontecer mais vezes, que os dias poderiam ser simples assim.
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Ela precisa dele, precisa mesmo. Ela nega e nunca vai assumir. Precisar é muito complicado, acaba causando uma “obrigação” na pessoa precisada. Quando notou que precisava dele sentiu o desespero que dá quando você percebe que não vai mais conseguir sozinha. Ir ao mercado, comer, dormir, tomar banho, viver, sofrer e sorrir... Tudo isso seria possível, mas seria melhor se fosse com ele. Os fardos seriam mais leves se ele estivesse presente. Precisar assusta e ela não ia assumir.
Nem tudo deve ser dito, alguns sentimentos devem ser mantidos em confinamento por que eles são tão delicados que o mundo poderia apodrecê-los.
Se entregar é uma tarefa pra poucos, não é simplesmente apertar um botão e pronto. A entrega depende de tudo o que você já viveu, de tudo o que você já sentiu. A cabeça manda, ela é seu reino e só você sabe o que se passa dentro dela. Só você sabe o risco que corre ao se entregar.
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Ela sentia preguiça e mexia os dedos dos pés. Poderia se dizer feliz, assim que mostrasse que estava acordada, receberia o melhor olhar e o melhor bom dia do mundo.
Acordar não estava nos planos dela, ou melhor, não queria se mexer por que tudo era perfeito naquele momento. Um vento frio entrou pela janela entre aberta e ela pode sentir os pelos se arrepiando. Os pés mexiam na intenção de acorda-lo, repetindo os movimentos com toda a paciência do mundo.
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Ele sonhava que estava na praia em um dia chuvoso, o mar estava revolto, o vento era frio e congelava o seu corpo. Ele sorria o melhor de seus sorrisos, estava feliz por estar na praia... Até notar que estava sozinho e o dia não estava colaborando. Acordou com o seguinte pensamento:
“Eu só chego na hora e ainda chego achando que tô certo.” 
Acordou mesmo triste e sentiu preguiça de levantar. O cheiro dela estava pelo ar, o mesmo cheiro que sempre fica grudado na sua pela e nas suas roupas. Pensa nela, nos olhos dela e teme estar fazendo as coisas no tempo errado. Ele sabe que ela esta acordada e se pergunta o motivo dela não ter se virado pra ele.
Certas vezes ele queria poder enxergar o que se passa na cabeça dela. Ela deixa uma incerteza no ar e ele fica com a impressão que ela não quer estar ali. Ele se sente um idiota por esperar, mas ele não teve escolha. Um disse desses, ele acordou e quis beija-la, tomou café e quis conversar, o time estava uma merda e ele quis falar. Ai ele notou que precisa dela de alguma forma e quem precisa quer ser precisado de volta. Ele pensa muito no tempo, pensa no tempo deles juntos. Quando ela esta deitada nos braços dele, o tempo passa diferente, passa de forma suave e simples.
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Ele ficaria por perto mesmo quando ela não pedisse. Ela não iria a nenhum lugar que ele não estivesse. Mas essas palavras nunca seriam ditas, ficariam pressas na relatividade do obvio.
Quem sabe se ela virasse pra direita e ela pra esquerda... Quem sabe dessa forma as coisas seriam mais simples. Talvez se se olhassem mais, as palavras não poderiam se esconder dessa forma.
As vezes eles só precisam mudar um pouco. 

2 comentários:

  1. Profundo amiga, porém é a mais pura verdade.
    As vezes as coisas passam porque as pessoas não conversam. :(
    Complicado.
    Beijo.
    http://nadamaquiada.blogspot.com.br/

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  2. lindo, fiquei apaixonada, me fez sentir uma dorzinha no fundo do peito por saber que é pura realidade.
    tá de Parabéns, beijos !

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