sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

No meio do abraço.

No meio do abraço
Bem naquele espacinho
Que divide o eu do tu
o tu do eu e é morada do nós.

Esse meu amor calado
Que ama travado,
E é preso num nó
Nó que o orgulho deu.

Meu amor habita
No meio do abraço,
Mora no meu pedaço
Mas vive querendo ir pro seu.

Veio no tempo exato
Mas errou o pouso
Existiu em mim
Quando deveria existir em nós.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Em mim.

Deita no meu corpo e me faz de colchão. Deita no meu corpo e vira meu cobertor. Dorme em mim. Do meu lugar consigo ouvir teu coração bater. Ouço o seu e sinto o meu. Batem em ritmos diferentes, mas na mesma sintonia.
Sinto o movimento da sua respiração, teus músculos relaxados e a sua barba a se mostrar existente quando pinica o meu rosto. Se por um acaso eu encontrasse um cobertor daqueles que abraçam a gente, sabe? E ele fosse o melhor do mundo, mesmo assim eu iria preferir ser a tua cama pra você ser o meu cobertor.
Eu iria preferir sentir tudo isso, mesmo com todo o medo, com todas as travas e coisinhas, minha preferencia continuaria sendo sua. Em ser sua.
O medo existe e ele quase sufoca, mas eu me lembro dos seus olhos e do jeito que você parece precisar de mim durante o seu sono, o jeito como seus olhos sorriem pra mim, como se chega querendo carinho e toda essa vontade que existe em mim de te fazer feliz.
Conversamos em segredo e dentro de um esconderijo o que eu deveria dizer em voz alta, num grito pra qualquer um ouvir, mas eu não disse e não digo.
Um monte de orgulho querendo vencer uma batalha. Mas a guerra já foi perdida. Como sempre, você passou com facilidade por todas as minhas barreiras e muros. E enquanto eu tentava organizar a linha de defesa, você se encontrava com o premio nas mãos e um sorriso no rosto. De forma simples venceu meu jogo e eu nem me dei conta.
Eu travei todos os textos que não deveriam existir, eu calei todas as palavras que não poderiam sair da minha boca. Chorei palavras. Me debulhei poemas e declarações.
Ando engolido algo que precisa sair. Precisa voar e aliviar o meu peito. Tenho curiosidade de ver a sua ao ouvir. Mas eu não digo. Eu travo, me escondo, engulo e calo.

Calo querendo dizer e sem coragem de falar.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Travou.

Vez em quando
O choro é travado
Pelo nó que bloqueia a garganta.
Mas nem sempre adianta
O choro acontece na alma

Mesmo sem existir nos olhos.

Por dois.

Quero teu colo
Quieto no silêncio.
Tua pele escura
acalmando a algazarra
da minha cabeça.
Quero a calmaria
que o seu olhar possui.
Minha alma anda ansiosa
Ando com medo,
Mas não saio do lugar.

Quero ouvir o som da sua vida
deitar no seu peito
e sentir o mundo fazer sentido.
Ou eu não ligar mais.
Pelo menos por um tempo.

Talvez por dois.