Era inteligente e timidamente charmoso. Gostei da cor dos
olhos, do tom da pele e do cheiro. Algo acontece em algum universo paralelo
quando você olha nos olhos de alguém pela primeira vez. Quando olha de verdade,
olha querendo achar alguma coisa ali. Eu olhei e vi olhos tristes, com um ar de
segredo e eu quis desvendar todos aqueles segredos.
Todo o assunto fluiu bem, com uma sincronia daquelas que
precisam ser feitas à mão e com delicadeza. Ele falava com uma voz doce de quem
tinha toda a certeza do que estava falando e eu observava o rosto dele enquanto
meus ouvidos eram massageados por aquela voz.
Em certo momento, pegou um cigarro, colocou na boca e fez
uma cara de mal enquanto acendia. Nesse momento eu parei de falar e só
observei, na verdade, parei até de pensar enquanto meu corpo acendia. Esticou o
braço e me ofereceu um cigarro. Eu estava há uns seis meses sem fumar, achava
aquela marca forte e eu nem estava com vontade, mas eu simplesmente não
consegui negar. Ele ofereceu e eu passei
a querer.
Eu sorria imaginando qual seria o gosto da boca dele, se os
lábios eram tão macios quanto aparentavam ser, se as mãos grandes eram firmes.
A noite deveria ser quente, mas foi agradável e até aprendi como o mundo
deveria girar. A lua estava cheia e grande e descobri que algumas pessoas viam
algo dentro dela. Olhávamos
pra cima enquanto eu aprendia mais sobre o assunto.
Eu vi delicadeza naquele olhar e fiquei com medo de provar aquela boca no meio
da explicação.
Chegou a hora de ir, eu olhei no fundo daqueles olhos mais uma
vez antes de virar as costas, e certamente o sol nasceu de forma linda em algum
lugar.
lindo...como sempre né...rs
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