Ele achou melhor irmos jantar, precisávamos resolver as pendências, dar um jeito nessas pontas soltas de nós dois. Eu não tinha o que dizer, só queria saber como as coisas seriam dali em diante.
Meus passos eram sem rumo, eu realmente estava perdida. Veja bem, eu o amava. A palavra nunca foi minha amiga, mas o orgulho sempre foi o meu companheiro. Ele disse que ia embora, e eu não debati, calei. Quem era eu pra exigir que ele ficasse? Eu sou Alice Morgado, e eu não imploro atenção pra ninguém.
Ele me olhou nos olhos, como quem quisesse ser impedido. Eu não conseguia expressar nenhuma reação. Eu era um corpo de mulher em pé, com uma mente fazendo força pra não explodir de tanta dor. Meus olhos secos demostravam uma falsa apatia, mas por dentro, eu cantava “atrás da porta” pra ele. Eu até quis fazer alguma coisa, mas estava paralisada, sendo torturada internamente. Ele esperou alguma reação, e a única que eu tive foi a de não reagir.
A porta se fechou e eu fiquei sentada atrás dela. Depois de duas horas, eu ainda estava lá, chorando. “E agora, o que faço eu da vida sem você?”
Eu não o procurei, nem pedi pra que volta-se, mas eu nunca o neguei nas diversas vezes que veio até mim. Tentei segura-lo com as minhas pernas, quis prende-lo pelo estomago. Até no coração dele eu quis me esconder, mas nunca o convidei pra ficar.
Eu me arrumei como uma menina que se arruma pra um primeiro encontro. Fiz respostas prontas, demorei dias escolhendo uma roupa. Cheguei a chorar achando que voltaria a acordar ao seu lado. E lá estava eu, com uma pontualidade completamente fora do comum. Fui recebida com um sorriso, “aquele assim, meio de lado, louco por você”, e eu senti medo.
Durante jantar, eu fui chorar no banheiro três vezes. As minhas palavras de defesa foram totalmente silenciadas, eu olhava pra ele e via meu chão indo embora. Ele disse que me amava, mas que não tinha mais volta, que aquele jantar seria o ultimo. Justificou dizendo que não aguentava mais ser alvo da minha falta de sentimentos. Disse que eu era fria e que a falta de importância que dava pro nosso relacionamento era ridícula! Questionou-me sobre as vezes que ia em casa e eu nunca pedia pra ele ficar, o tratava como um rei, mas nunca fazia questão da companhia dele. Nesse momento, eu senti um nó no peito, quis sacudi-lo, dizer o quanto o amava e explicar tudo, mas em vez disso, eu fui embora. Ele queria que eu me humilhasse e isso não ia acontecer. Eu fui embora, deixei o amor da minha vida pra atrás, sentado em um restaurante. Depois disso, eu nunca mais fui feliz de verdade. Não por estar sem ele, mas por ter sido incapaz de tentar o fazer acreditar que ele é o meu mundo. Hoje sou uma “sem teto” orgulhosa, mas não me orgulho nada disso.
Sou sua fã Jiu, sabe disso, amo os seus textos :)
ResponderExcluirContinua escrevendo, por favor !
arrasou!
ResponderExcluirMuito bom... ADOREI!
ResponderExcluirMuuito bom. Parabéns por tanta criatividade. Se der, passano meu blog também. É novo, mas aos poucos crescerá de acordo com o que a vida nos ensina.
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