Hoje em dia, eu tento me relacionar com ele o menos possível. O melhor seria nunca mais vê-lo, mas ele é o irmão da minha melhor amiga. E o trato mal e a reciproca é sempre verdadeira, mas nos dias de muita saudade, eu evito até olha-lo, faço a mal humorada e evito ficar nos mesmos cômodos. Chego quase a achar graça das piadinhas que ele joga, me chamando de monstro sem educação, e eu morro de rir. Internamente, logicamente.
Gosto quando estamos simpáticos um com o outro, e ele encosta em mim quando fala algo engraçado. Nos raros momentos que ficamos sozinhos, o silêncio era muito intenso, ele me olhava tão fortemente, que o meu ar chegava a faltar. E desde a ultima vez, nós nunca mais tocamos no assunto. No nosso assunto. Eu nunca mais ousei dizer a ele o quanto eu sentia saudade. Eu errei. Ele errou. E algumas pessoas por ai, dizem que o nosso tempo acabou. Ninguém tem certeza do que sinto, e para os mais ousados, que me acusam de mentirosa por afirmar que não o amo mais, eu minto melhor ainda. Por que, veja bem, eu o amo mesmo, e isso me deixa apavorada. Quem nessa vida teve o azar de encontrar o amor da vida da adolescência?
Ele tem uma namorada, menina gente boa, ela me odeia, e isso me faz acreditar que ainda exista vestígios meus dentro daquele peito.
Lembra quando fomos viajar com a turma toda, e decidimos que seria só sexo? A gente sempre assim, achando que se enganar era onda. Não conseguíamos sair do quarto, a vontade de ficar perto um do outro era grande. O tempo todo fingindo que não sentíamos mais nada, e com o passar dos minutos, o sexo virava amorzinho sem que percebêssemos. E foi assim, um amor sem palavras, com carinhos discretos e muitos “eu te amos” presos, como um nó na garganta. Nesse tempo eu vi o quanto é doloroso aprender a segurar um “eu te amo”, a aprendizagem foi tão forte, que eu nunca mais consegui dizer. Aquela semana me faz chorar até hoje.
Eu chorava no chuveiro, e ele dormindo feito uma pedra, exausto. Eu já estava lá a uns trinta minutos, e entrou e eu me virei de costas, pensei que sairia, mas como o sobrenome dele é surpresa, entrou no box, me abraçou forte e cantou pra mim. “Olha, olha nos meus olhos.
Tem um sentimento, uma eternidade, lua, cheia de feitiços
Amei um anjo lindo, que felicidade, amor você nasceu pra mim...”
Tem um sentimento, uma eternidade, lua, cheia de feitiços
Amei um anjo lindo, que felicidade, amor você nasceu pra mim...”
A agua fria molhava nossos corpos, e eu era aquecida por aquele peito forte... Eu me virei beijando-o, meio desesperadamente, na esperança que minhas palavras fossem entregues assim, boca a boca, e que enfim, ele ficasse. Ficasse e me fizesse ficar.
Ele me tocou de forma suave, me amou de forma firme. Nada foi dito. Eu ouvia teus gemidos como declarações de amor, e quanto mais fundo ele chegava, mais altas eram as minhas juras de eternidade, esse eternidade que nunca chegou pra nós, pelo menos não pra nós dois juntos. Começamos molhados, no meio estávamos secos e transpirando e no fim... No fim nos escolhemos o orgulho e ali foi o mais longe que ele nos permitiria chegar.
Hoje eu estou com muita saudade, ouvindo tudo aquilo que me lembra nós dois. Vejo fotos no computador, pego o celular e penso em ligar pra casa da Babi, quem sabe ele atende... Mas o orgulho nos deixou pra trás, pego uma cerveja, acendo um cigarro e espero passar... Sempre passa.
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