Sou assumidamente medrosa, nunca escondi isso de ninguém, me
envergonho, mas não escondo. O medo ja me privou de fazer varias coisas, muitas
mesmo, mais até do que eu tenha coragem de admitir, mas saber que ele me priva,
nunca me facilitou a possibilidade de passar por cima dele. Confesso conseguir
vencer alguns, mas isso acontece com grandes batalhas internas e assinaturas de
termos de responsabilidades. Eu me cobro muito mesmo, sempre o fiz, porque veja
bem, em algum momento da minha vida eu achei que se eu não aprendesse a me
colocar de pé, ninguém o faria por mim. Eu sei me cuidar, e mesmo que eu
precise me sacrificar um pouco pra ficar a “salvo”, eu o farei. Acredito que
essa confissão seja sincera demais, sei que pagarei o preço por isso, mas eu já
me sinto exposta mesmo, como se meus sentimentos estivessem todos sobre uma
mesa, disponível pra qualquer um que se interesse. Sinto-me aberta, como um diário
de menina. Diário de menina boa, daquelas se envergonham e piram por coisas
banais. E mesmo lutando contra, não sei deixar de me sentir assim.
Não sei que solução me dar, mas meu cérebro continua a me
questionar. Eu preciso que ele se cale, que relaxe, que me deixe pensar.
Preciso ser racional... 1, 2, 3 respira fundo, pensa...
No fundo sei que não há motivo pra tanto medo, e nem sei ao
certo do que quero tanto me cuidar. Sou mulher, mas por dentro sou menina,
menina que se esconde nos meus olhos e às vezes, me pisa o coração, faz
furdunço no meu estômago e me tira a concentração. Faz as besteiras e depois
volta chorando, morrendo de medo. Eu cuido dela, porque ela sou eu, já que
tenho medos e desejos de menina num corpo de mulher, corpo de mulher medrosa e
orgulhosa, mas que precisa ser forte. Nunca sei como as pessoas lidariam com
isso, caso soubessem, eu já me acho uma bobona, e me envergonho tanto disso
tudo.
Eu preciso relaxar, deixar rolar, não há risco de mortes e
umas lagrimas não causam tanto mal assim. Mas como explicar isso tudo pra
alguém? Como explicar que eu tenho medo daquilo que eu não conheço, daquilo que
vai além do meu reino e do que eu posso controlar. Relaxar significa deixar as
coisas acontecerem e curtir, mas me sinto exposta demais pra parar de pensar se
realmente eu estou agindo certo. Não quero mais que o medo me pare, mas não sei
como fazer pra impedir que ele continue diminuindo a minha velocidade.
Vejo-me nua, e ainda sim não consigo entender como me despi
sem perceber.
Orgulhosa e medrosa. Sei exatamente como é...
ResponderExcluirOrgulhosa e medrosa. Sei exatamente como é...
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