domingo, 25 de dezembro de 2011

Lembrança dos livros

Hoje, nessa tarde de outono, sentindo uma ânsia de nostalgia fora de comum, resolvi mexer nos meus livros antigos. Das lembranças que cada um carrega sobre a minha vida, queria reler os trechos que eu grifei pra ver se eles ainda têm alguma coisa a ver comigo. Com alguns eu sorria, com outros eu ainda tinha vontade de chorar. E entre poeiras e lembranças eu achei o livro que você me deu. Fiquei olhando pra ele, tão antigo e amarelado em minhas mãos, a minha vontade era de abraça-lo, mas não o fiz. Peguei o livro e sai da poeira, me retirei da presença das outras lembranças, eu já tinha escolhido a qual eu ia me dedicar. Sentei-me na varanda e comecei a folhear. Na primeira pagina em branco, uma dedicatória.
“De acordo com os seus olhos, eu preciso cuidar-te como uma flor. Mas meu desejo é apreciar-te e cuidar-te como mulher. A mulher que reina em meus olhos e habita em meu corpo. De acordo com meus sentimentos, eu lhe presenteio com meu livro preferido, meu livro preferido há muitos anos, mas agora ele é teu. Pena que não tem como ele ser mais teu do que eu.”
Todas as vezes que eu tentava ler o livro, eu travava na dedicatória, como travei agora, pensei em tudo e consegui até sorrir. Quando estávamos juntos, eu não tive tempo de lê-lo inteiro. Você desistiu de mim antes mesmo de eu conseguir chegar à metade, mas depois disso o li mais de mil vezes, seu romance preferido desde a adolescência, livro que já veio pra mim com cheiro de antigo. Eu ia lendo e nos trechos favoritos eu ia guardando as poesias de saudade que eu fazia, e cada vez que chegava a ultima página, eu escrevia o quanto eu desejava que aquilo tivesse tido um final diferente.
No meio do livro, bem na metade das páginas ainda está àquela florzinha que você me deu, naquele dia que bateu na minha porta as três da manha só pra me dizer que estava com saudade.
“Minha flor, temos todo tempo do mundo”, sua frase de efeitos pras minhas duvidas passageiras, e pra qualquer tipo de briguinha, eu sempre ganhava uma poesia, lembro bem da existência delas, uma pena que eu tenha queimado todas.
Eu nunca mais te vi, nunca soube o real motivo de você ter terminado e sumido. Você não foi o amor da minha vida, nem chegou a ser um dos grandes (desses, eu tenho caixas de lembranças.), você foi o meu primeiro mentiroso, o meu primeiro lindo que “se apaixona e desapaixona” muito fácil. Isso não me fez mais ou menos mulher, me fazer ganhar mais um livro e escrever algumas poesias. O triste mesmo, é que eu realmente achava que tínhamos mais tempo, nunca pude te entregar o livro que te comprei, um daqueles raros que você tanto queria. Eu me declarei em cada espaço em branco. Um triste equivoco, eu realmente achei que tínhamos todo o tempo do mundo.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Caso seja digno.

Eu simplificaria meus pensamentos, colocaria meu cérebro numa bandeja de prata e te disponibilizaria os melhores instrumentos, para que com todo teu afeto, você conseguisse disseca-lo.  Daria a você um guia de pesquisa. Te ajudaria a me entender. Te contaria meus autores preferidos, meus sonhos de amor e meus medos de vida. Eu te ajudaria com os pesos do cotidiano e te receberia com os melhores carinhos do mundo. Permitiria que você habitasse em meus pensamentos, te concederia musicas e lembranças. Meu corpo nu poderia ser o seu presente. Nu, com lingeries ou fantasias, tudo do seu gosto. Minha falta de pudor e o excesso de desejo iram junto. Permitiria que você visse minhas tatuagens nos ângulos mais privilegiados. Te realizaria os desejos. A dor seria linda, gostosa e me fazendo gritar e querer te engolir inteiro. Até meus suspiros aleatórios durante o dia poderiam ser seus.
Mesmo eu te oferecendo tudo, até o meu dinheiro, a melhor coisa que eu posso te oferecer é a minha poesia, por que nessa dádiva, te ofereço meu tudo. Meu melhor. Minha essência. Nada em mim é tão meu quanto ela. E eu nunca serei tua, se você não for digno de conquista-la.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Quinta e ultima carta

Essa você vai ler na minha frente, quero ver todas as suas caras.
Meu amor, eu preciso dos teus olhos
das tuas mãos que me auxiliam
do teu cheiro que entranha em tudo que é meu.
Preciso do teu eu, pra que minha poesia fique completa
do cheiro dos teus travesseiros, do seu xixi de porta aberta.
Necessito da sua compulsão em arrumar tudo o que é meu,
 da sua habilidade de podar todos os meus excessos.
Esse teu sorriso que deixa meu espirito calmo,
que faz de mim menos “muito louca”.
Já consigo me imaginar sentada na sua frente, nervosa, como se esse fosse nosso primeiro encontro. Te devorando inteiro, sem fazer a menor força pra disfarçar. Nessa hora, bem agora, você vai morder o lábio inferior, fazendo aquela cara que adoro. Você vai rir pra mim e eu vou rir de você. Nessas cinco semanas, eu percebi que eu posso viver sem você, que eu consigo; Mas sem você a minha vida não é minha, nada fica completo, eu não fico feliz. Eu ficaria só existindo, escrevendo saudades, utilizando suas palavras em meus papeis, sendo sua sem você ser meu.
 Olha só você, tão lindo. Meu anjo ajudador.
Quero grudar em você como uma sanguessuga as avessas, eu vou grudar e te passar todo meu amor, te passar meu sangue, minha vida. Quero te ajudar até nas organizações, quero fazer amor, sexo, mimimizinho, transar, meter, foder contigo em todos os lugares dessa casa, começando bem ai, onde você está sentado. Preciso te olhar nos olhos e deixar você ver o quanto eu sou sua. Não um "ser sua" da boca pra fora, mas um ser sua, de realmente ser um todo, dependente de você.
Eu quis um tempo pra mim, eu fui a busca que algo que me faltava e eu encontrei, curti, me esbaldei com a solidão. Mas sem você, até a companhia da solidão na solidão é chata. Você é meu melhor parceiro de solidão, de multidão... Meu melhor parceiro de vida. Olha pra mim, eu te amo tanto. Cada parte desse corpo está vibrando por estar tão perto de você.
E de tanto pensar em você, descobri que você é perfeito, por que minhas qualidades completam seus defeitos e as suas qualidades completam os meus. Somos perfeitos por que nos fazemos perfeitos. És perfeito por que habitas em mim, e o ato de ser tua moradia, cativa a perfeição em mim.
Deixa essa carta pra lá e vem pra mim
vem voltar pra tua casa,
 vem ser rei dentro de mim.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Enquanto você dormia

Hoje o céu está tão lindo, tão azul. O vento que entra em minha janela espalha o seu cheiro pelo meu quarto e isso faz com que a respiração fique mais agradável. Você está no banho, eu consigo te ouvir cantar daqui, tão lindo. Então você deita ao meu lado, parece uma criança, todo ansioso pelos meus carinhos, como se o meu cafuné fosse umas das melhores coisas dessa vida. É inexplicável como um homem com as costas largas como a sua, consegue parecer um bebê gordinho de seis meses quando está dormindo, tão frágil.
Essa tua mania de cochilo logo depois de acordar, é engraçada, por que o cochilo pós-sono, sempre fira sono profundo de novo. Tanta cama pra se espalhar, mas você quer meu corpo,  quer me usar de cama e travesseiro. E a cada ameaça de despertar, você me cheira, me aperta, como se quisesse ter certeza que não está sonhando. O dia está tão lindo, o vento invade meu quarto, balança minhas cortinas e te arrepia as costas nuas. Vento frio, corpo quente. Eu aqui, de plateia vip, sendo o anjo (teu anjo) que vela seu sono. Sendo o amor que te assiste dormir. Ver o homem que me protege assim, tão vulnerável, tão dependente, tão pequeninho me faz trocar horinhas de sono, de esteira ou de leitura por essa cena linda, teus músculos tão calmos, sua barba tão perfeita de mal feita. Eu vou continuar aqui, te fazendo carinho até você acordar, crescer e se esticar todo na minha cama, tacando tudo que tem nela no chão. O vento sopra e bagunça nossos cabelos, o sol deixa teu olhar mais claro... Você me olha nos olhos, beija meu nariz e diz:
Bom dia sonho meu.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Vontade de você.


Hoje a noite não tem estrelas, está frio e eu me recuso a ir me agasalhar. Frio é psicológico e eu sinto uma vontade grande de entrar na piscina. Vento frio e bolas de chiclete... Ploc. As coisas continuam as mesmas desde o ultimo texto, não tão iguais, já que não estou triste, mas também não estou completamente satisfeita. Sinto tão da criatividade. Todos os dias. Um sundae de morango com muito amendoim ou castanha, como preferir chamar, me veio visitar a mente algumas vezes hoje e me trouxe a memória uma promessa de texto. Essa promessa que eu não sei se vou conseguir cumprir. Textos, textos... Por que vocês têm fugido tanto de mim? Sinto-me tão vazia, sem utilidade. A sensibilidade habita em mim desde as primeiras frases que escrevi na infância. Escrever sempre foi a minha onda, aquilo que faz com que eu me sinta especial. E quando eu não consigo criar, o que eu sou? Alguém que tem um papel, mas não consegue exerce-lo.


domingo, 27 de novembro de 2011

Quarta carta.


Nenénzinho
Quarta semana, quase um mês. Acho que a saudade não pode ficar maior. Essa semana eu escrevi, me alimentei direito, arrumei meus livros, meus papeis sem pares. Andei dando mais vida a antigas lembranças. Eu lembrei tantas coisas nossas. Com essa minha mania de só me preocupar com o agora, eu sempre deixo as nossas coisas passadas passarem... Mas essa semana, tudo me veio como um filme... Desde a primeira vez te olhei com outros olhos até á quatro semanas atrás. Passei pelo primeiro beijo, regado a nervosismos e gargalhadas. Eu sentia uma insegurança digna de uma menina de treze anos, meu corpo parecia tomado por borboletas, que a cada segundo que se passavam, elas me tiravam um pouco mais do chão, minhas mão tremiam e eu fazia piadinhas sem parar. O beijo era o que faltava acontecer, eu esperava uma atitude sua, e mesmo que você tentasse parecer calmo, seus olhos passavam nervosismo. Era pra ser perfeito, mas assim que nossos lábios se tocaram, caímos na gargalhada e nesse momento eu pude ter a certeza que eu já era consideravelmente apaixonada por você. A melhor de todas, foi quando eu disse que te ama a primeira vez, eu já tinha certeza há uns três meses, mas eu era orgulhosa demais pra dizer primeiro. Quando eu dormia na sua casa, te olhei dormindo e sentindo vontade de chorar. Eu chorei por existir tanto de você e mim, aquilo tudo era seu, eu precisava a te entregar. Eu sabia que a hora tinha chegado, mas eu ainda não sabia o jeito perfeito de dizer. Levantei, abri a janela e fiquei olhando a lua, como se eu tivesse algum tipo de esperança dela me dar alguma dica.
Eu ainda chorava, lágrimas pura de felicidade. O amor tinha chegado pra mim, estava a três metros de distância de mim, dormindo. Tão lindo. Meu amor. E eu só conseguia pensar que te amava e no quanto isso era lindo. Você levantou, me abraçou por trás e me chamou pra voltar pra cama, me virou forte e viu minhas lágrimas, vi o brilho dos seus olhos mudar de foco. Começou a me perguntar o que tinha acontecido, e eu só chorava. Olhei pra lua, respirei fundo e disse que te amava. Que te ama muito, te amava de um jeito tão lindo que eu tinha vontade de chorar cada vez que você respirava. Lembrei da sua cara de bobo, com os olhos brilhando e rindo pra mim. E de um jeito tão reciproco me beijou, um tipo de beijo que eu nunca consegui descrever e só de lembrar, eu sinto as mesmas emoções daquela noite. Tantos momentos lindos, tantas coisas simples que são completamente eu e você. Acho que eu sou você. Sou de você.
A não vejo a hora de voltar e poder sentir tudo isso de novo, de novo e pra sempre.

Adriana.

domingo, 20 de novembro de 2011

Pro meu amor.


Quero que você saiba que eu penso em você basicamente todos os dias. Sinto tanto a sua falta, penso no teu cheiro, no teu gosto, nos teus detalhes e nas coisas em você que seriam toda a diferença pra mim. Eu penso muito nos teus olhos, no formato das suas orelhas e em qual lugar você sentiria mais cocegas e na posição que você se sentiria mais confortável pra dormir. Esperar por você, já se tornou uma coisa tão costumeira, tão simples. E eu não espero por opção, quando eu percebi que estava te esperando, eu já te esperava há anos. Já ouvi dizer que algumas pessoas esperam pelo amor a vida inteira, não sei bem se essa espera é muito satisfatória, nunca procurei saber... Talvez por medo, sei lá. Mas sei que em alguns dias, a saudade bate forte, e causa um certo incomodo bem irritante.
Sempre achei muito estranha essa coisa de sentir saudade de uma coisa que eu nunca vivi, e nem sei ao certo como é. Já tentei idealizar esse cara milhares de vezes, faço isso desde pequena, aquele imperfeito perfeito, que me faria compreender todos esses sentimentos, e principalmente esclareceria pra mim, o motivo de nunca dar certo com ninguém. Porque eu realmente tenho uma coisa em mim, como se fosse um alarme que me avisaria quando ele chegasse pra mim e outro que me avisa quando uma coisa não vai dar certo. E até mesmo quando eu insisto, eu insisto sabendo que não vai dar certo. E eu acabo me sentindo uma traidora, a mulher que espera o amor, perdendo tempo com casinhos, só por que anda carente e cansada de ficar sozinha. Acho que no fundo eu acabo usando alguns caras. Nunca fui de sair espalhando meu amor por ai, apesar de muito dele em mim, ele tem um único dono, ainda não sei quem é, mas espero descobrir logo.
Eu já imaginei tantas coisas, que acho que seria impossível eu me surpreender, mas sempre fico me torturando com ansiedades e sonhos bobos. Já imaginei meu amor de muitos jeitos, loiro, moreno, careca, cabeludo, rei, ladrão, policia, capitão (eu levava essa brincadeira muito a serio quando era criança). Mas independente de tipo físico, eles sempre me faziam me sentir do mesmo jeito, do mesmo jeito lindo que nenhum dos meus namorados ou casinhos que conseguiu chegar perto de me fazer sentir. Sinto-me uma menina de quatorze anos dos anos cinquenta. Não
sei se fica feio pra eu assumir que tenho sonhos de amor. Cafona talvez.
Como já disse, nunca fui de ficar espalhando meu amor por ai, não por falta de vontade, mas sim por simplesmente não conseguir. Daqui a uns trinta anos, talvez que tenha distribuir todo esse amor para uns vinte e cinco gatos ou cachorros, tipo aquelas velhinhas mal amadas dos filmes americanos. Mas eu tenho que contar com a sorte, não tenho escolha mesmo. Mas eu realmente sinto muito essa ausência. Estava até pensando em te contar as outras coisas que penso, mas você já iria me achar muito careta. 

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Terceira carta

Oi amor, terceira carta, três semanas. Essa semana foi normal, não escrevi nada, essa carta é a primeira coisa que escrevo em sete dias. Tenho sentido muito a sua falta, isso não deve ser novidade, já que na ultima carta, eu só falei disso. Eu estou feliz, menos que antes, mas muito feliz. Cada dia que passa, eu sinto mais saudade, e quanto mais essa saudade cresce, mais a minha felicidade diminui. Minha cama está cada dia maior, ao todo ela já está com dez travesseiros (é, eu comprei mais alguns), mas nada que eu coloque nela, consegue chegar perto de suprir a falta que você faz. Não vou dizer que esta sendo diferente do que eu imaginava, mas confesso que está pior.
 Eu pensei em sexo a semana toda, no nosso sexo, cada dia que passa fica pior. Tenho lido muito, meus pensamentos estão cada vez mais eróticos, então tenho lido pra ver se me distraio um pouco. Quero que fique claro que eu não fiz nada, estou me guardando total pra você, me guardando pra quando eu voltar. Eu poderia te contar os sonhos que tenho tido, alguns que me deram ideias novas, te contar como o meu corpo tem clamado por você, de um jeito que a muito tempo não acontece. E principalmente que estou disposta a te satisfazer de todas as formas possíveis. Mas eu não vou te contar não, não quero ereções desperdiçadas, quero todas só pra mim! Essa semana não aconteceu nada de interessante, meu joelho ainda está um pouco roxo e eu resolvi dar um jeito nessa casa, nossa, isso aqui estava uma verdadeira bagunça. Ouvi muitas musicas, dancei, pulei e sorri.  Sempre quando faço essas loucuras, sei que você vai estar me olhando e rindo, de algum canto, com aquela cada de “Eu te amo tanto, sua louca”. Meu Deus, como eu sinto falta dos teus olhares, sempre tão expressivos, sempre me dizendo alguma coisa, me olhando de um jeito lindo. Sinto falta de ser observada, de ser vista por você. Esse semana, eu tenho me sentido muito linda, muito sexy. Andei de calcinha quase que o tempo todo, desfilei pra você, mesmo sem você estar aqui. Até dançar eu dancei, dancei pra você, me sentindo sua.
Como eu tenho sentido sua falta... Você já deve estar de saco cheio disso. Mas eu te amo, amo muito, sei que você já sabe, e que depois desses anos que estamos juntos, eu já disse isso milhares de vezes, de jeitos, formas e em lugares diferentes.
Essa semana eu comi mal, não tenho tido fome, acho que até emagreci um pouco (estranho, por que achei que fosse engordar), quase pintei meu cabelo de vermelho, quase fiz uma tatuagem... Não precisa fazer cara, ainda não fiz, ainda não... Na realidade, não sei nem se vou fazer. 
Vou escrever um conto erótico, pra eu ler pra você quando eu voltar. Preciso colocar essa energia toda pra fora. Eu poderia te mandar junto com a próxima carta, mas não o farei, já disse que quero todas as suas ereções só pra mim.
Te amo, te quero e te desejo cada vez mais.
Adriana, sua mulher.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Segunda carta.

Oi amor, colei uma foto nossa na parede, nossa que péssimo jeito de começar uma carta. Você deve estar rindo, fazendo que não com a cabeça e pensando: Mas é mesmo uma doida. E agora, você está rindo de novo, mas dessa vez mostrando os dentes, rindo gostoso por que eu sabia o que você ia fazer sem nem mesmo estar perto. Eu te amo. Estou com uma saudade de te dizer isso. Está uma delicia falar sozinha pela casa, sem ter você me perguntando pra quem era aquela falação, pra você ou pra mim mesma. Mas, eu sinto muita falta das nossas discussões pelas vezes que eu estava falando contigo, e você pensando que eu estava falando sozinha, me ignorava. Nossa, como eu ficava revoltada, e você meu amor, ficava tão confuso... Mas no fim a gente sempre ria, morríamos de rir as custas das minhas doideiras e da sua paciência. Já faz duas semanas que estou aqui, confesso estar amando cada dia mais, ando escrevendo bastante, lendo muito e comendo mal, que preguiça de cozinhar só pra mim.
Ah, voltando a nossa foto, á encontrei dentro de um livro que você me deu a uns dez anos atrás, da época que éramos amigos. Você deve se lembrar do dia que a tiramos, por que eu não me lembro. Lembro da época, você com um cabelo super estranho, e eu, magrela com cara de revoltada.  E você vai sorrir e dizer que eu ainda tenho cara de revoltada, e agora, eu estou sorrindo. Como isso acontece hein? Eu acabo te sentindo perto, sempre. Eu te sinto aqui. Na quinta, eu cai no corredor, fui correr e cai. Fique a vontade, pode rir. Eu ia pro quarto e quis ir correndo, eu tinha tido uma boa ideia, e não sei como, mas eu embolei com os meus pés e cai. Fez um barulhão e eu esperei sua risada e só tinha silêncio... Dessa vez eu chorei sem rir, foi triste e eu ainda fiquei com um baita hematoma no joelho. Fui pro quarto mancando, tinha esquecido a tal boa ideia e já estava achando que essa não era uma boa ideia. Quase voltei pra casa, juro. Mas eu pensei melhor, fui dormir.
Eu te amo tanto Vinicius. Te fiz poesias, mas só te mostrarei em casa, na nossa casa. Todas muito bobinhas, algumas te farão rir, tenho certeza. As que eu mais gosto, escrevi chorando e sei que você não ligará muito pra essas. Não se sinta mal por isso.
Neném, eu te amo, te amo, te amo. Sei que você odeia que eu te chame de neném, mas eu estou longe e com saudade, tenho esse direito!
Segunda semana sem você, segunda semana sozinha. Segunda semana sem sexo. Segunda carta.
Esta tudo ficando muito claro pra mim, mas essa clareza esta longe de ser esclarecedora.
Amor, Vi, Neném, Ursinho e todos aqueles apelidos fofos que te irritam, eu te amo.
Mil vezes te amo. Mil beijos.
Sua Adriana, seu amor.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Primeira carta.

Vinícius,
Depois eu resolvi acabar com tudo, confesso que de certo modo, eu fiquei mais feliz. Não por não viver mais com você, mas por estar vivendo algo realmente novo. Acordar a hora que quero, não precisar fazer café, comer o que eu quiser, não ter que brigar pra poder assistir programas femininos na Discovery H&H. Eu não fazia ideia de como seria bom não ter ninguém pra interromper o meu silêncio, pra desmarcar meus livros. Nunca tinha sido tão livre assim. Antes de você tinha os amigos com quem eu dividia um apê e antes deles, tinham os meus pais. Eu não acho mais toalhas molhadas em cima da minha cama, nem roupas espalhadas pela casa. E agora, eu posso sair espalhando livros e papeis pela MINHA casa. Posso passar quatro horas escrevendo um texto sem ninguém gritando gol, xingando um juiz ou me perguntando onde estão os biscoitinhos. Não quero que pense que fui infeliz ao seu lado, nunca ouse pensar isso. Você foi tudo que eu sempre quis, mesmo com isso citado acima. Sem sombra de dúvida, você foi o mais paciente e o mais compreensivo. Nunca conheci alguém que respeitasse tanto a minha imaginação, que não se sentisse traído pelas minhas historias.
Você me disse que ninguém termina, ou dá um tempo em algo com tantos elogios. Disse isso e sorriu, sorriu bonito. E eu me senti feliz e mais segura por saber que você nem chegou a pensar que existia outra pessoa. Eu sou sua, e você sabia disso. Eu sei que você é o certo, você é o cara, o meu cara... Mas eu tinha que sair, fui sabendo que morreria de saudade.
Na primeira vez que esqueci a toalha na hora do banho, eu te gritei, lembrei que estava sozinha e sorri. Chorei meio que rindo, ou sorri meio que chorando. Resolvi voltar para o chuveiro, rindo e chorando. Deixei a agua bater na minha nuca. Senti saudade. Lembrei de nós. Sabia que se você estivesse aqui, eu te gritaria e você fingiria não ouvir, eu sentiria saia e sairia do banheiro nua, molhada e morrendo frio.  Irritantemente, você estaria na porta do quarto bloqueando a passagem e brigaria comigo e eu riria, você diria que eu ia secar o chão e a gente acabava transando, fazíamos amorzinho de corredor. Eu não sentiria mais frio. Mas de qualquer forma, eu secaria o corredor. Como agora, mas secarei sozinha, sem amorzinho e com frio.
Olha, eu te amo. E espero que você esteja bem. Obrigada por entender as minhas necessidades, por mais estranhas que elas sejam. Obrigada por confiar em mim. Quando você vier aqui, vai ficar doido, isso aqui tá a minha cara, e isso aos seus olhos, significa bagunça. Você nunca veio aqui, mas eu te sinto impregnado por todos os cômodos.
Eu estou bem, estou feliz de um jeito diferente, mas estou vazia de você.
O combinado é uma carta por semana, essa é a primeira de algumas, não sei ao certo quantas.
Eu te amo.
Até.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Emocionalmente dependente.

Mesmo sabendo que você não vai ler, e que provavelmente eu queime essa merda assim que eu acabar de escrever... Eu preciso te dizer que essa saudade está me matando! Você, folha de papel que eu firo com a minha escrita forte e dolorida. Você me amor, que eu vejo aqui, nas minhas letras, palavras e pensamentos. Você que nem deve se lembrar de mim...
Chego a crer que você se assustaria ao saber o tamanho que esse sentimento ainda tem, que eu vejo seu rosto em todos os caras com quem me envolvo e que é você que eu sempre desejo na minha cama. Essa babaquice de amor está sendo muito real pra mim. Sempre foi. Eu me apaixonei por você assim que eu te vi e seguindo essa ordem, eu deveria me “desapaixonar” assim que você me deixou. Você não liga, não manda uma msg, nada! Será que eu não mereço um “oi”, assim pelos velhos tempos, pelas noites quentes e pelos dias frios... por nada?
Queria saber quem está fazendo seu Toddy cheio de frescura... Será que ela já sabe todas as suas frescuras de cor, assim como eu?
Não que fosse perfeita, mas eu te amei, decifrei e compreendi. Eu respeitei todas as suas limitações e coisinhas. Sempre acabo me perguntando se fui boa demais, se te amei demais... Eu deveria ter sido uma safada, ter mentido, saído escondido! Deveria ter ouvido as minhas amigas e transado com os seus!
Se eu tivesse ficado te perturbando com mensagens, te ligando pra sempre, tudo bem, você teria motivos pra sumir assim, mas eu não fiz isso.
Você não quis mais e eu aceitei. Chorei como nunca havia chorado, mas não pedi pra você ficar. Amor não se pede, não se implora.
Você foi e eu continuo aqui no mesmo lugar, bem aqui, encontrando rastros seus pelo meu quarto. A umas semanas, dentro de uma mala, eu achei sua cueca roxa de bolotas amarelas, como eu amo essa cueca. Você comprou pra me irritar, mas eu te achei lindo com ela. Eu quis chorar. Vesti sua camisa, a única que ainda tem seu cheiro, e voltei a me perguntar qual foi o exato momento que eu comecei a perder você. Eu não choro mais, só as vezes, quase nunca.
Estou me acostumando com essa situação de deficiência emocional que você me presenteou. Ando pela metade por ai, mas já consegui achar meu equilíbrio. Tenho meus momentos ruins, mas estou me achando, estou vivendo sem você.
Certamente, você deve pensar em mim em alguns momentos, deve sentir saudade, nem que seja com alivio. Sabe, é muito ruim ter necessidade de alguém que não se importa com você.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Beija eu.


Todos sabem que tudo começa com um beijo e ás vezes, termina também. Beijos são importantes na vida, e eu, ultimamente, ando querendo ser beijada. Não um beijo qualquer, daquele tipo que um cara da balada te dá, ou aquele seu “ficante” ou namoradinho que você só usa pra dar um jeito na carência. Nada sério, nada com amor, um pouquinho de afeto, e com sorte, muita química. Esses tipos de beijos são muito vazios, beijos que na maioria das vezes, querem algo em troca. Beijos não precisam de desculpas, beijos são beijos, beijos são lindos.
Ando querendo ser beijada, por um beijo daqueles que entram no meio de frases, fazendo tudo ficar de lado, perder o sentido e a importância. Aqueles que te tiram a irritação, que acabam com brigas. Beijo de bom dia, com bafinho matinal e tudo, que faz o seu dia começar mais bonito, mais simples e mais alegre. Eu ando querendo beijos intermináveis, mas não precisa ser até os olhos mudarem de cor, mas só pra eu me sentir única com a outra pessoa, assim de um jeito puro, sem ter que ter “obrigatoriamente” sexo depois. Estou falando de beijos puros, e esse a gente não encontra muitos na vida. E que seja assim, igual pros dois. Beijos não precisam de desculpas, mas são capazes de explicar muitas coisas. Os que são vazios não explicam nada, são cansativos e entediantes,  porém casualmente uteis. Casualmente.  Mas quando viram normalidade,  eles passam a ser tão tristes. Beijos tristes. Ninguém quer uma vida de beijos tristes e casualmente uteis.
Eu quero um beijo lindo, intruso que me deixe sem ar, que me tire a noção de tempo, a linha de raciocínio. Quero ser beijada por alguém que queira um beijo puro, daqueles que explicam, aqueles que explicam tudo. 

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Aos seis anos.

Nessa minha vida, eu posso dizer que só me apaixonei duas vezes. Duas, só duas.
Aquela paixão toda, que faz o coração parecer que vai sair do peito e ir ao encontro da pessoa supostamente amada. Já gostei de alguns, poucos, mal preenchem uma mão. Já morri de tesão por mais alguns. E realmente acreditei que daria certo com uns dois ou três.
Minha primeira paixão foi aos seis anos, se bem me lembro. Gostei dele até os doze anos. A coisa mais platônica que já senti e vivi. Meu primeiro choro por amor também foi aos seis, me lembro muito bem, eu estava no banco de trás do carro do meu pai, sentada no meio. Meu pai estava ouvindo um pagode, a música me tocou e eu chorei. Nem sabia ao certo que coisa estranha no peito era aquela, mas sempre passava quando eu ficava perto dele. Erámos melhores amiguinhos nessa época. Com o tempo a gente se afastou, mas continuamos da mesma turma, e eu ainda tinha cinco horas diárias pra olhar aquele ser lindo. Todo inicio de ano eu torcia pra sentar do lado dele, mas ele era baixinho e eu grandinha, então, eu sempre ficava atrás e ele na frente. Eu me lembro muito bem dele, do cabelo, do sorriso, dos desenhos que sempre fazia, do chiclete preferido, da cor dos olhos, das sardinhas, da personalidade e do gênio forte. Até hoje me lembro do nome dele todo, coisa de criança. O menino que me inspirou o meu primeiro poema, nunca o leu. De certa forma, eu sabia que nunca ia esquecer dele, não sei como eu sabia isso, mas eu sentia. E realmente, eu nunca esqueci, mas na minha memoria, ainda temos doze anos. A segunda paixão foi aos dezessete e durou até os vinte, mas passou longe de ser a coisa mais linda que já vivi, de fato foi a mais intensa, mas não a mais linda. O garoto que me inspirou o texto mais lindo (até hoje) também não o leu.
Eu tive um homem, que com certeza me amou, o mais lindo de todos, que num dia nublado, me consolou de um sonho ruim. O que me olha do jeito mais especial, que me faz realmente me sentir única.  Os outros que diziam amar, eu nunca acreditei, nem por um momento. Homens mentem e a paixão engana. 
Eu já fiquei com caras sabendo que não ia dar certo e insisti só por que eu queria que desse certo com alguém. Já me prendi a caras por puro orgulho, já me desprendi pelo mesmo motivo. Corri atrás de quem eu achava que era o melhor, só por ele se encaixar no meu “tipo”, e já me surpreendi com caras que eu nunca ia querer me envolver. Sou fã do amor desde que me conheço por gente, tenho na lembrança todas as coisas lindas e as coisas feias que esses “homens” já fizeram por mim e pra mim. Mas eu nunca desisti do amor, uma hora ele chega pra mim. Ele esta se guardando, se preparando pra vir lindo ao meu encontro, pra confirmar esse romantismo que transborda em mim desde sempre. E eu vou poder entender, e pensar comigo: Viu, eu sabia aquilo não era amor.
Ou então ele não chega, eu fico velha e amarga, me perguntando por que eu não fui uma idiota vazia, que encontrava o “amor da minha vida” a cada três meses.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A agenda.

Ufa, achei que ele não ia parar de mandar SMS. Toda hora, um saco. Tudo bem que ele deve estar bem confuso, eu terminei com ele sem avisar, se avisasse, não iria conseguir. No fundo, eu bem que gosto dele mandando mensagem, me ligando igual um louco, sinto que ele esta sentindo a minha falta, que realmente estava (ou ainda está) gostando. Eu me assustei com tudo, com ele, com a intensidade e sumi, sumi mesmo. Minha mente, minha experiência de vida, minhas cicatrizes, tudo isso estava me dizendo pra ficar longe, mas alguma coisa em mim, ou tudo que tinha em mim queria ficar, e eu ouvi meu corpo até onde deu. Eu, mulher já feita, era ninada como menina. Eu que era o porto seguro, era amparada por braços fortes, eu me acostumaria fácil com isso, mas a gente não tinha nada sério e eu resolvi a voz da experiência. Mas a infeliz, resolveu se afastar de assim que eu me optei por ouvi-la.
Uma semana depois ele parou de ligar, parou de mandar mensagem e eu comecei a me sentir a pior das criaturas, me senti adolescente, menina insegura sem ninguém para ninar-la. Quando resolvi te ligar, já era tarde, era tarde por que eu tinha apagados os teus números da minha agenda, e eu ficava na esperança de uma mensagenzinha só pra eu poder pegar teu numero e te ligar, te explicar, cobrar explicações, só eu te ouvir. Não sei ao certo se isso faz de mim uma mulher forte e cuidadosa... A vida me presenteou com cicatrizes, daquelas profundas, que doem quando o tempo muda, que deixam claro o trauma. Quem já se afogou, não vai desafiar o mar mais de uma vez. E eu... Eu estou querendo saber se fiz a coisa certa, querendo provas concretas se fiz a coisa certa. Querendo insistentemente saber, se foi certo sumir e deixar ele pensar que eu não estou mais afim, e assim, deixando o caminho aberto para outras serem ninadas e mimadas por ele.
Ele me fazia mulher, me mimava, me fazia menina, me ninava. Eu mulher, ninava o homem que se dizia meu.
E agora, mulher forte e corajosa que sou, fico aqui, esperando esse celular tocar, querendo uma oportunidade pra dizer que ando querendo ser tua menina, mulher. Por que meu peito anda apertado e eu ando me sentindo vazia, pelos cantos, por dentro. Eu não te dei a possibilidade de se explicar, nem sei ao certo se você tinha que fazê-lo, mas agora, eu que tenho que me explicar, mas não sei como fazer, não tenho como fazer... Eu perdi você, eu te excluí da minha agenda.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Parte do seu plano


Isso já esta claro, eu estou perdendo a cabeça. Você me disse que isso faz parte do seu plano, que eu fazia parte do seu plano. Não sei se estou assim por que estou perdendo você ou é por que estou percebendo que nunca tive você. E você deve estar se perguntando o motivo desse novo surto, nessa nova “pirada” sem motivo. Por que pra você é assim, eu sou sempre “a louca que acha que sabe de tudo.”
Você diz que faz parte do seu plano, mas nunca me disse que porra de plano é esse, qual é a meta, qual é o foco disso. Ok, sua vida, suas coisas. Mas e eu? Onde basicamente eu entro nesse teu plano? Acho que faço parte apenas da parte que auxilia, que escuta, a parte que faz das tripas coração pra ajudar numa coisa que ela nem sabe o que é.
Se eu disser que desisti de entender, estarei mentindo. Tudo bem, você precisa do seu espaço e não é obrigado a me falar tudo. Mas veja bem meu amigo, eu estou me sentindo excluída! E segundo você, eu não tenho nem esse direito, por que você faz tudo por mim. Oi? Estamos falando do mesmo relacionamento? Não sei se o seu tudo é pouco demais pra mim, se eu to esperando demais de você, ou se eu to querendo demais pra mim.
Veja bem, eu estou me sentindo muito insegura, sei que você não vai entender o motivo, por que você nunca entende nada sobre meus medos e inseguranças. Você acha que eu sou a louca que acha que sabe de tudo, mas eu to surtando meu amor, porque eu não sei de nada, ou pelo menos, nada que eu ache que deveria saber. Vamos resumir, eu basicamente, quero saber dos teus planos, do teu plano. Do teu segredo. Eu estou perdendo a cabeça, e provavelmente, você deve estar querendo entender. Eu tenho certeza que você não esta entendendo nada, deve estar fazendo aquela cara de “você é louca e esta me deixando confuso”, mas eu estou querendo mais, não sei bem ao certo o que. Eu sei que você vai dizer que nos vemos todo dia, nos falamos toda hora, que eu conheço sua família, sua rotina, seus sonhos, que eu só não sei de uma coisa ou de outra, por que é seu espaço e que você não sabe mais o que me oferecer pra eu parar com essa bobeira. Isso já está claro, eu estou perdendo a cabeça... Essa TPM sempre me deixando neurótica e você meu amor, coitado de você...


sábado, 27 de agosto de 2011

O casal


Eram um casal de poetas. Eram um casal. Ainda são poetas, ainda pertencem um ao outro. Um romance em verso e prosa, marcado por poesias feitas e recitadas ao luar. Poesia de sexo e amor acompanhadas por sonetos de medos, magoas, saudade e dor.
Ele era um poeta boêmio, poeta de muitos amores perdidos, de bebida e cigarro, com noites sem dormir. Daquele tipo que se perdeu em si e não se importa mais com nada. Poeta triste, de olhar vazio.
Ela é mulher malvada, resistente, triste, poeta romântica, lírica, medrosa, tão carente e instável. Mulher confusa que entrega o corpo e tranca a mente. Fêmea que foge, que tem medo da felicidade, de depender de alguém, de ser cuidada.
No dia que se atraíram, como polos diferente de um irmã, nesse dia, tudo fez mais sentindo, eles conseguiram encontrar a parte que faltava, a coisa que preenchia aquele vazio oculto. Aquele que seria responsável por matar a saudade costumeira, a saudade sem conhecer.
Aquela coisa que pula no peito, que faz o sexo deixar de ser vazio, aqui que vai além do pau dentro e gozar. A certeza de que estando dentro ou não, eles já eram um. Eram o complemento do beijo, do sexo, da poesia, da vida. O boêmio já não era mais triste, parecia ter encontrado o rumo. Mas ela... Ela não sabia ser feliz.
“Pobre menina, não sabia lidar com o que sempre sonhou.”
Ela estava tão acostumada com a companhia da solidão, que passou a não fazer questão das pessoas. Ela precisava ser poesia, sexo e cigarros, precisa sair do tédio, queria opções, mas não queria ser de ninguém. Ela era dela, e ponto. E com isso ela relutava muito, tinha ciúmes de tudo, queria motivos pra fugir, por que tinha medo de esperar o dia da fuga dele. Na cabeça dela, ele iria desistir, mais cedo ou mais tarde. Um dia ele a veria por dentro e sumiria. Não entendia que ele já tinha largado tudo, que quando mais ele a via, mais ele queria ficar. Que o sexo deles era o melhor do mundo, que ultrapassou todas as barreiras de intensidade conhecidas por ele. Tudo era forte demais e ela não sabia ser feliz. Ela não sabia não ser sozinha. “Para de fazer assim, eu sou teu, você é minha e eu não vou a lugar algum sem você!”
Ele se perdeu, ele tinha encontrado o caminho, tudo deveria dar certo agora, mas não estava dando. As lagrimas já estavam escassas, o coração estava em chamas sem nem uma lagrima pra aliviar. As palavras saiam tremidas, confusas, por que na cabeça e no peito, elas estavam no meio da ventania. “Olha pra mim, eu te amo! Você sou eu, eu não vou te deixar”
Ela fazia de tudo pra ele desistir, ela morria por ele continuar. Pobre mulher, tão insegura. A dor e as lagrimas a acompanhavam como amigas, a insegurança a traia. O amor lhe pedia misericórdia, “me deixe livre!”.
E eu só observava, não me atrevia a tentar ajudar. Eu me entristecia e via esse amor se perder e se encontrar, eu via a pureza pegando o caminho errado, de destino duvidoso. Um amor que ama por sofrer, que sofre por amar. Eram um casal de poetas, eram um casal. É um amor, é pra sempre. Ele não vai a lugar nenhum, e ela vai insistir que ele vá. A felicidade se afasta, os defeitos e inseguranças se misturam, mas e o amor... Ninguém tem pena dele?

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Dani e o Du.


Eu estava lá, dentro do banheiro do restaurante, sentada, chorando, confusa. Eu preciso melhor, ele acabaria percebendo e eu não tinha uma explicação pra dar. Mas essas coisas não fazem parte do acordo. E eu sou sua. Merda! Sua.
“Caso alguém se apaixone, paramos!” Trato feito, palavras minhas, minha segurança boba, tão minhas quando essa paixão. O programa apenas começou e eu preciso estar bem, preciso conter essa saudade diferente, essa vontade toda. Preciso ouvir suas histórias, te ajudar com suas garotas, preciso inventar alguma história pra te contar, não posso deixar você pensar que estou só. E depois desses anos todos, aqui estou eu mentindo pra você.
E o que fazer com essa cara de choro? Vou dizer que sem querer esbarrei com o rímel no olho, e que o meu nariz esta assim por causa do desinfetante do vaso do banheiro, que me atacou a alergia. Quando ele me viu, perguntou aos risos se eu estava com dor de barriga,  eu mentalmente, respondi aos prantos que a dor era de amor. E então eu também sorri e contei a mentira. Eu sabia que ele não acreditaria em mim, e ele me obrigou a falar a verdade, então, tive que contar outra mentira.
Nossa amizade sempre foi a melhor, você sempre foi meu diário com pernas, meu melhor amigo, tudo era perfeito. E segundo ele, tudo esta melhor agora. Que somos dois sortudos, por que a gente transa com o melhor amigo. E que essa nova coloração da amizade, nos uniu mais. E Já na casa dele, ele resolveu lembrar da nossa primeira vez...
Ele surgiu na minha porta com duas garrafas daquele vinho barato que tomávamos quando eram adolescentes, na época que aprontávamos juntos. Conversai vai, conversa vem e o vinho acaba, você foi e pegou um whisky. O whisky acabou e eu acordei na minha cama, nua do seu lado. Inicialmente um pouco confusa, achando que tínhamos feito sexo. E isso era muito esquisito, tendo em mente que nunca nem tínhamos nos beijado. Permaneci imóvel até ele acordar. E eu fazendo toda a força do mundo pra lembrar. Então ele jogou o braço em cima de mim e me puxou pra perto, e nisso, eu percebi que você também estava nu. Continuei em silêncio, mesmo me aconchegando. Essa situação excitou a mim e a você, mas não exatamente nessa ordem.
- Du, a gente transou?
- Ainda não!
E me beijou. Eu já conhecia aquele corpo à muitos anos, mas nunca tinha o sentido, não daquele jeito. Deveria ter sido estranho, mas foi a coisa mais natural que eu fiz na vida. Eu sabia de tudo, você sabia de tudo. Eu poderia até detalhar tudo, o carinho, a sincronia, a força, a delicadeza, a brutalidade...
Eu não sabia se estava sentindo tudo certo, eu deveria estar tão tranquila? O Du estava passando os lábios nos meus seios que ele viu crescer, eu estava lambendo aquele corpo que eu acompanhei o crescimento. Eu deveria achar isso normal?
- Deveríamos ter feito isso antes. Por que não pensamos disso antes? Agora somos fodas em tudo!
- Eduardo, a gente transou!
- Vem, vamos de novo!
Dessa vez foi mais forte, mais firme, mais rápido... Mais fundo, mais intenso.
-Edu, a gente transou, de novo.
- É Dani, a gente ESTÁ transando. (risos)
E assim tudo começou, a nossa amizade continuou linda, o nosso sexo é ótimo... Até eu me encontrar chorando no banheiro de um restaurante, entalada com sentimentos que eu não gostaria nem de imaginar, com palavras que eu não gostaria nem de pensar. Eduardo é o meu melhor amigo, eu não posso estragar tudo. Eu preciso conseguir um jeito de virar daltônica pra enxergar menos essas novas cores da nossa amizade. Merda, sou sua!
Ele me conhece a tanto tempo, será que ele não vê que eu estou apaixonada? Não dá pra ver no meu olhar nem sentir pelo meu beijo? Porra Du, eu to perdida aqui!
Eu já estava querendo muito você, querendo meu amigo, meu homem, querendo sexo, querendo parar de ver cores. Mas o trato é “Caso alguém se apaixone, paramos!” Minhas palavras, meu trato. Eu me apaixonei, mas não posso parar, sem você eu não consigo nada.
Eu não falarei nada, não darei nenhum sinal, eu ficarei apenas esperando, chorando em banheiros de restaurantes, tendo esperança que você consiga ler isso nos meus olhos. Porra, Du, meu amigo a anos, vamos se ligar mané.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Era pra ser com você.


Eu sempre quis me perder ao encontrar alguém, alguém que me roubasse um segundo de respiração, que fizesse meu coração parar por uns instantes. Eu estava sempre querendo me perder, sair de mim, deixar de ser tão louca e apenas me entregar a loucura da paixão, as químicas gostosas que são liberadas pelo meu corpo, me tornando outra pessoa, uma perdida que não liga mais pras suas próprias chatices. Mesmo essa loucura toda só tendo acontecido comigo só algumas vezes, isso que eu achava certo. A loucura toda da paixão, sair de mim, me perder ao encontrar alguém.  Mas quando eu o encontrei, eu sorri. Meu coração não perdeu o compasso, nem o ar me faltou, não fiquei em desespero, nem insegura. Quando eu o encontrei, eu sorri. Eu parei de surtar, eu parei de surtar, ele conseguiu calar até meu lado pessimista, conquistou meu alterego que só se relacionava com a razão.
Eu passei a sorrir mais, não que eu não sorrisse antes, mas sempre faltou alguma coisa, aquele momento que muda tudo sabe, mas eu nem sabia que raio de momento era esse. Sempre achei que fosse a perda de um segundo de respiração, talvez uns cinco, ou quem sabe, uma parada respiratória mesmo. Mas ao contrário disso tudo, eu apenas sorrio. Ando mais simpática, comendo melhor, dormindo melhor, mais bonita... Mais feliz.
Sempre gostei de relacionamentos intensos, e na minha antiga visão de intensidade, pra um relacionamento ser intenso, ele tinha que ser cheio de brigas, gênios incompatíveis e sexo, muito sexo. Quase me envergonho disso. Mas ele chegou com toda a sua calmaria, me encheu de paz, de sorrisos, de intensidade. Essa tal intensidade que eu sempre procurei, mas infelizmente, eu vinha procurando errado. Eu sempre desejei a intensidade feia, a bruta, aquela que machuca. Uma parte de mim a desejava e a outra a repelia. Uma queria se perder, e a outra só queria se achar. E disso, eu ficava só na espera do tal momento. Ele me fez transbordar de felicidade, de amor, de intensidade pura, de sexo lindo, de versinhos rimados no espelho embaçado no banheiro, ele me rir até quando estou chorando. Enchendo minha alma de sorrisos e poesia branda.
Ele me ensinou tanta coisa, fez tanta coisa por mim. Ele não me dá vontade de me perder, ele só me dá vontade de ser melhor. Meu coração nunca bateu tão ritmado, meu folego nunca esteve tão bom, eu nunca estive tão em mim sendo de alguém.
Eu nunca imaginei que isso era assim, que aquele desespero todo não era bom, e que a única coisa que eu queria, era me achar pra ser eu mesma. Lembra aquele momento que eu tanto esperava, nem sem saber o que eu estava esperando exatamente? Eu esperava sorrir ao encontrar alguém, um sorriso de paz. Por que quando eu o encontrei eu não me perdi, eu me achei.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A segunda.

No dia que eu te disse que não queria mais, você duvidou, achou que eu não ia conseguir, que eu me arrependeria e voltaria atrás. Realmente, eu me arrependi, mas não voltei atrás. Eu não voltei nem você. Resolver seguir sem você, infelizmente, não é conseguir viver sem você. Você não parou de me ligar nem eu parei de te atender. As coisas ficaram diferentes, mas nada mudou. Eu decidi que não queria mais, só faltava eu conseguir. Mas você estava empenhado em me prender, me prender e esconder. Eu não queria mais ser escondida, já não aguentava mais, e você não podia fazer nada pra mudar isso. Poder até podia, mas não queria... Nossa, é sempre difícil dizer isso. Difícil de acreditar mesmo, mas realmente você não queria. Me queria mas não queria ser meu. E como eu cansei de cobrar, pedir, de chorar e de ser a outra, eu dei um fim em tudo, eu não tinha mais nada com você, e isso só mudou em uma coisa, eu passei de segunda pra coisa nenhuma. Mas sendo “coisa nenhuma” eu não deveria me sentir inferior ou enganada. É, eu não deveria.
Você passou muito tempo me envolvendo, mesmo depois do fim. Sabe aquela vez, no dia dos namorados, que você me ligou do banheiro da casa da sua namorada, as 3 da manha? Você disse que passou o dia todo pensando em mim, querendo estar comigo e que só tinha conseguido me ligar a essa hora, falando isso tudo baixinho pra ela não ouvir. Isso deveria significar alguma coisa, como todos os outros “sacrifícios” que você fez pra me ver ou falar comigo. Mas isso nunca teve muita importância pra mim, por que eram sempre as sobras que cabiam à mim, ninguém gosta de sobras.
Como você sempre dizia: “Nada pra você é o suficiente.” Eu nunca consegui aceitar a pequena parcela de você que cabia a mim, e então eu desisti, desisti na esperança de você  desistir dela e me tirar do segundo lugar. Por que eu ia iria sair do segundo lugar de qualquer jeito, do segundo pro primeiro ou do segundo pra lugar nenhum.
Vindo de você, nada me comove, convence ou decepciona. Você vive me perguntando o que pode fazer pra eu voltar... Você pode estar todos os dias, as 3 horas da manha dormindo na minha cama? Você pode estar comigo sempre que eu precisar? Pode me fazer cafuné até eu dormir? Pode andar de mãos dadas comigo pelo arpoador?Você pode fazer com que eu seja a sua única namorada? Pode estar comigo sempre?  Não? Ah, então você não pode fazer nada pra eu voltar.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O poeta que não sabia escrever.


Mesmo sem ter a menor habilidade com as palavras, você vive enchendo a minha vida de poesia, deixando os momentos mais bobos em coisas lindas. Você todo grosso, sem saber se expressar direito me faz sentir como se eu fosse a mulher mais completa do mundo. Sempre ouvi dizer que o “essencial era invisível aos olhos”, e isso só fez sentido de verdade, depois que você surgiu na minha vida. Me olhando de jeitos que eu nunca tinha sido olhada, percebendo os menores detalhes, preenchendo meus vazios costumeiros, fazendo que eu me note cada dia mais. Você ri das minhas orelhas, diz que elas são de um elfo  que acabou crescendo demais, e eu me sinto amada por isso, por que logo em seguida, você diz que o sonho da sua vida era ter um elfo grandão. Você expulsou a solidão da minha vida.
Eu já recebi desenhos, textos, poesias rimadas, versinhos sem sentido, mas ninguém nunca me encheu de poesia como você, da vez que encheu minhas coisas com meu chocolate preferido, ou quando você fica sentado, mexendo em mim enquanto eu escrevo. Das vezes que você me pede pra ler meus textos pra você e alguma até pede pra eu explicar, por que você “não entende direito essas minhas profundezas” e me joga na cama, me cobre de beijos e diz que é o cara mais sortudo do mundo por namorar uma maluca tão talentosa assim. E ainda tem isso, mesmo me chamando de maluca, você não faz com que eu me sinta uma louca. Você me cobre com sua poesia inusitada.
Quando você mexe nos meus cabelos e fica tentando entender de onde sai toda essa inspiração, como se quisesse achar o botãozinho que eu aciono pra ficar inspirada. Você não é burro, passa longe de ser, mas nossas inteligências são tão distintas que somos perfeitos.
Você fez o que nenhum outro conseguiu, você me fez parar de me sentir sozinha, você escondeu chocolates pra eu achar, espalhou poesia pra eu catar, você me enfrentou, passou por cima dos meus medos e chegou em mim, na parte vulnerável que eu protejo tanto. Você me enfrentou, eu sou sua e não sinto medo, nem vontade de fugir. Você chegou onde nunca ninguém pensou que fosse possível... Você me conheceu.
Você gosta das minhas maluquices, ri das besteiras que eu digo e das vezes que eu falo sozinha. Você é o colo perfeito, o encaixe certo, na medida, o equilíbrio que eu sempre quis, a parte bruta do meu interior tão sensível. Como alguém sem o dom da escrita pode ser tão poeta assim?
Quando eu sinto medo, você segura minha mão de um jeito tão protetor que eu me sinto a dona do mundo. Nas vezes que vai começar a chover e você me chama pra assistir as primeiras gotas de chuva caírem no chão (eu não sei como você consegue saber isso.), sentir aquele cheiro de chuva e ouvir a sua respiração eu tenho a certeza que a sua poesia marcou a minha vida.
Você não é nada o que eu pensei, e bem longe de ser o que sonhei. Você é melhor! É o que a minha imaginação foi pequena demais pra criar, essas mãos, esse cheiro, esses olhos, essas tatuagens, esse cérebro... Tudo! Tudo é lindo e cheio de poesia. Você meu amor, vai além dos meus sonhos e dos meus medos.
Você me enfrentou, e agora eu sou sua.
E eu te aceitei, você é meu.

domingo, 7 de agosto de 2011

O enterro do amor.

Olha a que ponto chegamos, estamos aqui, enterrando aquilo que nos unia, nos fazia lindos e invencíveis. Não quero acabar com isso, ainda existe uma esperança em mim, acredito que a qualquer momento ele vá renascer lindo e mais forte que antes, e nós, cuidaríamos dele como ele sempre mereceu. Mas sei que isso não vai acontecer, o nosso tempo acabou. Fizemos tudo errado, fomos tão egoístas, tão mesquinhos. Sempre só olhando pro nosso umbigo, sem nunca perceber o esforço que o outro fazia, sem perceber que isso tudo estava deixando nosso amor doente. Como fomos bobos. Tudo piorou quando começaram as traições, quando começamos a querer machucar o outro. Eu morria em saber que você não era mais só meu, mesmo sabendo que eu também não era só sua. Deveríamos ter percebido isso no inicio. Com toda a falta de respeito e confiança, tentamos nos separar, mas não deu jeito, o nosso amor moribundo acabou nos unindo de novo. E mais uma vez, não conseguimos cuidar dele direito, não conseguimos passar por cima dos erros de passado. E acabamos fazendo tudo de novo, empurrando o nosso amor pra beira do abismo. Ele estava tão fraco e mesmo assim a gente não percebia, ele chorava e a gente preferia não ouvir. Estávamos mais preocupados em ficar nos acusando, cutucando feridas e com nossos narizes. Mas e o amor?
Como doi lembrar disso tudo, e só agora perceber como erramos.
Quando decidimos terminar de vez e seguir nossas vidas, lembra o desastre que foi? Lembra as ligações de madrugada, os ciúmes corrosivos e aquele sentimento que você era meu e eu era sua. Pra sempre. Aquela espera da sua ligação no meu aniversário, a tristeza de não ter você nos momentos que só você sabia resolver a minha vida, meus problemas, minha solidão, a metade insegura que me tornei. E a dor só aumentava ao ver que você passava pelo mesmo, que a vadia que você arrumou nunca conseguiu suprir o que tínhamos, o que temos. E então voltamos, conversamos e revolvemos cuidar do amor, mas o nosso orgulho não nos deixou esquecer o passado, ele sempre vinha pra nos assombrar, inseguranças, magoas e dor.
E enfim, o nosso amor morreu, por minha culpa, sua culpa. Nossa culpa. Demoramos pra enfim conseguir enterra-lo, aceitar essa perda e viver. Viver do jeito que dá pra viver, aguentando essa culpa, essa saudade. Agora estamos aqui, chorando por não conseguirmos mais viver juntos, por que não conseguimos viver separados. Fizemos tudo tão errado, ai essas é a consequência dos nossos atos. Nossa coisa linda sendo deixada para trás. Nosso chão aqui, guardado, sem utilidade, quem a gente pra usar.
Te desejo o melhor do mundo, te peço perdão pelo meus erros, se eu pudesse voltar atrás, ele estaria vivo até hoje! Meu coração ainda estaria batendo, completo no meu peito. Por que fizemos de nossos corações uma coisa só, e na hora de separar, ficou tudo meio que incompleto, meio que faltando. Faltando eu e sobrando você.
E aqui estamos nós, transbordando desse amor morto, que insiste em ainda viver em nós, em me matar de saudade e em me fazer não conseguir ficar perto de você mais que duas horas. A culpa é toda nossa, maltratamos tanto ele, não tivemos o menor respeito nem cuidado. E agora, depois dessa morte trágica, ele volta aqui pra nos assombrar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Bom dia :)

Pego o celular pra ver a hora, quatro e meia da manha. Bacana. O sono resolveu me sacanear hoje. Dormir pra quê? E se pelo menos eu tivesse vontade de fazer alguma coisa... Mas não tenho, então vou passar o tempo aqui. Minha capacidade de pensar em coisas aleatórias me assombra. Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiim. Eita, quem é o outro infeliz que esta acordado á essa hora? Não vou atender. Deixa chamar, nem quero ver quem é! A essa hora, não fode! E se eu estivesse dormindo? Cacete, vai ficar ligando pra sempre? Não vou atender! Coisa irritante, esse povo pensa que eu não preciso dormir, que estou a disposição vinte e quatro horas por dia, as coisas não funcionam assim. Agora eu estou com raiva, revoltadíssima, virada no Jiraia. Me deu até vontade de retornar e perguntar se a pessoa esta de sacanagem. Se ela tem algum tipo de retardo mental que a impede entender que de madrugada AS PESSOAS DORMEM! Tudo bem, eu não estou dormindo, mas teoricamente, eu estaria. Coloco a mão embaixo do travesseiro e coloco o celular pra vibrar, sem nem olhar pra ele. Se passam 6 minutos e o celular TOCA DE NOVO, e a pessoa não deu um toque não, deixou chamar todos as vezes possíveis.  E ficou insistindo, ligando todas as vezes que a sua cartilha de cidadão lhe dava direito. E eu, querendo matar o infeliz com requintes de crueldade, respirei fundo e resolvi olhar pra ver quem era. Essa infeliz não tem o que fazer?
- Tá de sacanagem né, você só pode estar de sacanagem!
- Calma amiga...
- Calma o cacete, me diz ai o ÓTIMO motivo que você tem pra ficar infernizando a minha madruga.
- Então amiga...
- Veja bem, estou querendo te matar...
- Não, serio, rapidinho. Você tem o celular do Augusto, não tem?
- Me responde uma coisa... Eu tenho cara de agenda vinte e quatro horas em forma de gente?
-Não, mas é serio...
- Serio porra nenhuma! Olha eu tenho sim o telefone dele, mas eu não te dar! A única forma de eu te dar esse número é enfiando ele pelo seu ouvido, tirando pelo seu cu e fazer você comer depois! CARALHO! Tu se ligou na hora Ritinha?
- Amiga poxa, eu preciso falar com ele.
- Foda-se! Cara, eu quero te matar! De boa, vai se foder que eu vou dormir e tomara que VOCÊ NUNCA CONSIGA ESSA PORRA DE NUMERO!
Virei agenda, à essa hora! A Ritinha nunca foi certa, mas isso já ultrapassa qualquer limite de idiotice. Eu já queria matar quem me ligava pelo simples motivo de estar me ligando de madrugada, quando eu descobri o motivo passei a achar melhor a possibilidade de tortura.  
Então começo a pensar o motivo dela estar nessa agonia, quase fiquei perto de me sentir culpada, então pensei: BEM FEITO! Que fique anos sem dormir e agoniada pra falar com o veado do Augusto, que também entrou na minha lista negra da madrugada. Eu já não gosto de ninguém, mas as pessoas que me ligam de madrugada entram num patamar quase que desconhecido pela humanidade. Mas eu acho que vou levantar, o dia já amanheceu e eu estou espumando ódio.
Bom dia.

sábado, 30 de julho de 2011

As noites de insônia.

Eu vou é dormir mesmo, ele não vai falar comigo, o meu celular não vai tocar e eu realmente preciso desligar do mundo pra acabar não fazendo uma besteira. Porra, eu pagaria pra fazer uma besteira. "Alô, desculpa te perturbar, mas na frente da sua casa tem uma praça? Hum, então estou sentada aqui, em frente a sua casa, vem me ver?” Isso não seria legal...  Eu não quero escrever e não estou conseguindo ler nada, olha, eu estou com saudade. Tudo bem, problema meu, eu que não quero mais. E não estou querendo discutir, nem dar de maluca, mas eu estou com saudade! Não sei lidar com ela! Eu já dei vinte passos à frente, mas quando ela chega eu quero correr 100 pra trás. Correr como louca e jogar tudo isso pro alto, essa é a minha vontade. Mas eu vou dormir, amanha isso passa, amanha eu vou estar mais forte. Não vou conseguir dormir, eu sei, já estou nessa lenga-lenga de ir dormir a horas. Você não vai ligar, eu no seu lugar não ligaria pelo menos. Mas eu no seu lugar não faria um monte de coisas. Sono, por favor, já pode se manifestar, eu estou precisando desconectar minha cabeça. Acho que perdi meu celular, bem agora, merda! Quero ouvir sua voz. Não, não vou! Seja forte mulher! Ele me disse que eu estou fazendo tudo errado, que estou enfiando os pés pelas mãos. Eu já acho que estou protegendo as mãos, por que ficar dando murro em ponta de faca nunca é agradável. E eu me pego pensando naquele bico, aqueles lábios que quando juntos, não ficam completamente unidos, ainda formam uma brechinha, um pequeno espaço, lindo demais. Eu seria capaz de passar horas me perdendo e me encontrado nesse abismo. Procurando e tentando ver outros detalhes pra amar.
Mesmo juntos, não ficam completamente unidos... Assim como nós, quando erámos nós. Infelizmente as atuais atitudes não mudam as antigas, arrependimentos não reconstroem confianças quebradas. Uma hora ou outra o sono vem, daqui a pouco eu durmo. E acordarei pensando desse mesmo jeito, com saudade, quase te ligando, olhando fixamente pra sua foto e pensando: “ Porque você tinha que estragar tudo?” 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Não se apaixone

Eu posso até te dar todos os motivos do mundo. Eu sou uma mulher legal, mas no fundo, eu sou louca. Eu enjoo de tudo, eu mudo muito rápido. Eu sou melhor sozinha.
Sim, eu sou sou uma ótima companhia. Sei bem das minhas qualidades e defeitos, sei bem do meu eu. Não gosto de magoar ninguém, não estou aqui pra isso.
Mas a parte do “Não é você, sou eu” sempre chega. E não é nem um tipo de clichê, o problema sou eu! Eu sou chata, eu mudo, nunca sei o que quero. Mas sempre sei o que eu não quero.
Não quero fazer ninguém perder tempo, ninguém quer perder tempo. Não gostaria de me fizessem perder tempo. Então, se apaixonar por mim nunca é um bom negocio, eu sou chata e louca. Você vai ficar confusa e eu vou ficar me sentindo mal, eu odeio me sentir mal. Você vai me achar diferente, tudo bem, eu realmente sou diferente, mas não sou fácil de lidar. Eu dificilmente me apaixono por quem já esta apaixonado por mim, eu dificilmente fico com quem está apaixonado por mim.
Eu gosto da paixão, por que ela age em mim como um remédio bloqueador de neuroses, eu preciso dessa chatice bem controlada pra conseguir conviver dos outros seres humanos. Mas logicamente, isso não vem escrito na minha testa, por isso as pessoas se apaixonam por mim. Eu me conheço à alguns anos, sei bem de mim e sei que o problema realmente sou eu. “O problema não é você, eu que sou louca mesmo.” Eu não gosto dessa verdade, mas ela é real pra mim. Eu posso namorar com alguém? Logico que posso, mas eu preciso estar apaixonada, preciso sair de mim, estar dopada de paixão, ela camufla toda a minha loucura. Isso pode ser chamado de loucura, eu  não sei.
Esses são motivos suficientes pra ninguém querer se apaixonar por mim, pelo menos eu acho. Não que eu me ache, que eu pense que todos se apaixonam por mim, esse realmente não é o caso. Eu tenho dificuldade em relacionamentos, essa dificuldade em me entregar. No fundo, eu preciso ser roubar de mim, antes de começar a enlouquecer.
Por que quando eu acho que vou magoar alguém eu sumo, dou fim no que estava apenas começando.  
Só eu tenho que aguentar a minha loucura.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Desse jeito errado.

Eu gosto do seu jeito, tudo bem que às vezes ele me deixa muito irritada, mas eu gosto. Como aquela vez, lembra? Aquela vez que ficamos brigando e fazendo as pazes o dia todo, você gosta de me irritar e eu sempre caio fácil na pilha, sempre caio nos pedidos de desculpas fofos, sempre me perco nos teus olhos lindos. Nem sei se sou tão fácil assim, eu não costumava ser, e nem tenho certeza se eu estou realmente sendo. Eu nem deveria estar escrevendo isso aqui, realmente não deveria. O jeito como você me provoca sem se importar onde estamos, eu fico com vergonha e você nem liga. E você sempre me mandando relaxar. As suas caras me encantam demais, aquela cara linda de criança de três anos me pedindo pra ficar mais um pouco, mas eu nunca ficava. Eu estava mais preocupada em não me envolver demais do que em te curtir, em nos curtir. Agora eu fico assim, cheia de vontade, cheia de saudade.
Sinto falta da sua cama, do seu travesseiro que engolia a minha cabeça, de jogar seu vídeo game, de te ganhar na corrida, sinto falta dos seus carinhos, de te fazer carinho, sinto falta da sua orelha, Eu sinto tanto a sua falta, e nesses dias de muita saudade a minha cama parece que triplica de tamanho, e por mais que eu a encha de travesseiros e coisas de pelúcia, ela continua gigante e eu continuo sozinha.
O seu jeito estupido, arrogante, todo idiota... Meu estupido, arrogante e idiota. Eu te aceitaria com todos esses defeitos, eu aceitaria todos esses pequenos defeitos, mas infelizmente, você mente, eu descobri que você mente. E eu estou sempre descobrindo alguma coisa, eu estou cada vez mais desconfiada. Eu não aguento mentiras. Droga, eu me apaixonaria por você. Eu estava fazendo muita força pra passar por cima de mim, eu... Queria ir fundo nessa. Mas você me fez desistir, fez minha razão gritar e tomar o controle. Eu passaria por cima de mim, de todas as minhas neuroses e inseguranças, mas agora, infelizmente, tenho que passar por cima de outra coisa.

sábado, 23 de julho de 2011

Você sabia...

Sabe, te odiar foi bem mais fácil, eu pelo menos, ainda podia falar com você, mesmo que fosse só pra brigar. Quando sentia muita saudade, arrumava uma briguinha, qualquer motivo pra ouvir sua voz, mesmo que acabasse magoada ou te magoando depois. Era tão mais simples, camuflar minha vontade atrás da raiva, da implicância. Mas eu decidi me afastar, parar de te odiar pra ver se conseguia deixar de te amar. Deixar de te amar, putz. Meu “ódio” tinha ficado manjado demais, todo mundo já conseguia perceber meus reais sentimentos, então mudei. No fundo eu precisa mesmo mudar, eu estava acabando comigo, contigo e com o que restava de nós. Eu por puro egoísmo, eu insistia em brigar e brigar. Mas parei. Passei a te ignorar, passei a não ter mais pra onde fugir quando tenho vontade de ouvi sua voz. Não tenho mais problemas em frequentar os mesmos lugares que você, eu apenas finjo que você não está lá, finjo que não estou morrendo, sinto a minha força crescer a cada dia pra conseguir segurar essa saudade. Olha, te ignorar me doí tanto. Não te olhar, não sentir seu cheiro, te ver usando bermudas florais ridículas sem poder falar nada, não brigar, ter que engolir o meu ciúme. Ter que me focar em outras coisas pra não me focar em você. E de certa forma, me tornar uma mentirosa, dessas que mentem com um olhar, dessas que mentem pro espelho.
Eu apaguei seu numero do meu celular, mas ainda sei de cabeça. Merda, agora eu te ignoro. Agora eu digo que não, eu não te falo mais contigo, eu não fico procurando motivos na internet pra poder te ligar pra brigar, quando na realidade, eu só queria um desejo de boa noite. Eu faço tanta força não te atender, eu faço força pra conseguir fazer tudo isso virar realidade, a indiferença ou até mesmo o ódio. Mas você não é nada e eu vivo muito bem sem você.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

A estrada.

A ideia era assistir o por do sol na estrada, mas eu precisava me manter acordada pra isso. Eu não tinha que dormir, só isso. Estávamos conversando, aqui o assunto sempre fluí. Ele tem a habilidade de me divertir, o dom de conseguir me tirar um sorriso, não importa qual seja a situação. Se eu fosse apaixonada por ele, eu seria bem feliz. Ele de fato é o tipo de cara certo. Quando as minhas músicas preferidas começaram a tocar, ”as suas músicas de gente estranha”, como ele insiste em sempre dizer. Mas mesmo assim, se deu ao trabalho de colocar aqui, só porque eu gosto. Eu passei a sentir mais sono, e quando dei por mim, sentia uma luz forte aquecendo meu rosto, quando abri meus olhos o vi, lindo,  rindo pra mim. Perguntei por que ele não tinha me acordado. Ele disse que não me acordou por que era egoísta, egoísta ao ponto de não querer me acordar só pra poder continuar a me ver dormir. Paramos.  Estava tudo tão lindo. Era um espaço gramado com muita vegetação rasteira, e tudo estava cheio de orvalho. Quis muito fotografar aquele momento.  Ele me abraçou, e sorriu. E eu quis estar apaixonada por ele.
Vamos Cupido, essa é a hora, joga a flecha! Ele é cara! Mas não, nunca rola. O Cupido é meu, mas ele nunca me obedece, acho que essa não uma opção pra ele, de forma alguma. Mas o momento era lindo. Os primeiros raios de sol do dia foram meus, os primeiros olhares do dia, foram meus. O momento era meu, você era meu, e eu também era minha. A única coisa minha que ele conseguiu ter, foram as minhas musicas de gente estranha.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Remorso.

Um milhão de coisas a serem feitas, não tenho nem ideia de como começar. Isso ai, parabéns pra minha desorganização, parabéns a minha capacidade de deixar tudo pra se fazer na final de semana. Não posso nem pensar em sair de casa. Uma droga, eu trabalho a semana toda, e no final de semana, nem posso me divertir. Acho que estou de mau humor, é melhor eu desligar o celular... Triiiiiiiiiiim! Tá bom né, a gente fala a palavra telefone e ele se manifesta, vou aproveitar e esse momento e dizer outras coisas, vai que rola né, amor, dinheiro, namorado... triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiim! Ih... misericórdia!
- Alô.
- Oi, e ai, tudo bem.
Ai gente, hoje não é dia! Não, as coisas estavam ruins e agora estão péssimas.
- Tudo ótimo e contigo?
- Melhor agora.
Por quê? Falar com uma babaca te agrada?
- Hum.
- Então, esta de bobeira hoje? Quero te ver.
Merda.
- Estou sim, estava querendo mesmo alguma coisa pra fazer.
Mentirosa, m-e-n-t-i-r-o-s-a!
- Estou com saudade e com “aqueeela” vontade.
...
- Vem me buscar que horas?
- Daqui a umas duas horas, pode ser?
- Pode, até daqui a pouco. Beijo.
- Outro.
Bacana hein, esse telefonema era tudo que eu precisa hoje. Parece que tem um sexto sentido, que sempre o avisa as piores horas pra me procurar. E eu vou né, sempre vou, não tenho escolha. Se eu for eu vou me arrepender e ficar mal, e quem sabe, com sorte, eu consiga fazer alguma coisa de produtivo no que me resta de final de semana. E se eu não for, eu vou me arrepender e ficar mal, vou ficar imaginando coisas idiotas, pensando em zilhões de possibilidades e me torturando mais um pouco.
Gostaria de ter uma saudade igual a sua, que demora meses pra vir e quando vem, vem forte, e você consegue dar uma solução pra ela com apenas um telefonema, uma única ligação e a pessoa esta lá. Gente, que simplicidade. Até no tipo de saudade eu tenho azar, a minha é chata, insistente, tão costumeira que eu já convivo relativamente bem com ela. A gente vem se respeitado, convivendo bem e nesse acordo, ninguém machuca ninguém. Mas quando ela bate forte, ela me machuca com mais força, por que infelizmente eu não consigo dar solução pra ela com apenas um telefonema.
Contigo, eu vivo me arrependendo, me arrependo de ir, de ficar, de falar, de calar, de te atender, de desligar, me arrependo de fazer, de negar. Me arrependo de tudo que faço contigo. Me arrependo de ser pra você “aqueeela” vontade, só “aqueeela” vontade. Me arrependo por você ser todas as minhas vontades, “aqueeela”, aquela, AQUELA, essa, e a outra. A da manha e a da noite, a camuflada, a de sempre.
Alguns casos são vaidade, egoísmo, luxuria, mas o meu caso contigo é remorso. Do consumado ao apenas imaginado. Mas eu vou, vou te encontrar mesmo assim. Sei que vou me arrepender mesmo, e já que o remorso é certo, vou tentar me livrar pelo menos da saudade.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Trouble.

Era claro, ele era encrenca! Ninguém precisou me contar, ele tinha cheiro, corpo, jeito, fala, beijo e pegada de encrenca. Normalmente, eu fugia dos problemas, mas aquele cheiro... E não era algum tipo de perfume, era cheiro de pele, um cheiro tão aconchegante que só me dava vontade de senti-lo cada vez mais de perto. Deveria ter alguma coisa a ver com Gene T (trouble) dele. Não sei se isso existe, provavelmente não, mas tem homens que já nascem com o dom, com o talento pra ser problema, com cheiro de problema. E o meu problema todo era o cheiro dele, não todo, mas grande parte do meu problema era sim. Vamos falar dos meus outros problemas, o seu corpo. Seu corpo era um grande problema, eu cheguei a pensar que ele malhava o dia inteiro, aquelas entradinhas do quadril que me fazer perder a linha de raciocínio, aquele jeito descolado de quem parece te conhecer só de olhar, olhar fundo, no olho, olhar firme, a voz grave, que quando falava ao meu ouvido, me amolecia os músculos, me arrepiava os poros, me contorcia a espinha. A pegada era a confirmação da existência do Gene T, por que não é possível aquilo tudo ser coincidência, é genético.
Eu não tinha pra onde ir, então fui pra onde queria ir, pra onde o instinto me impulsionava, pra cima de você.
Mas vou te confessar, que delícia de problema. E sempre tem uma coisa ruim, tá ,nem sempre, nesse caso, não tinha. Não entrarei em detalhes, não dessa vez.