quarta-feira, 31 de julho de 2013

Invasor da minha solidão.


Talvez eu precise de um pouco do silêncio da tua presença, do barulho do seu sono e do banho. A paz que me vinha ao ouvir seus barulhos em outro cômodo. Te sentir ali comigo, mesmo que passasse o tempo todo sem dizer nada.
Catar as tuas bagunças, guardar o leite e colocar as meias dentro dos sapatos. E aquele sorriso no canto dos lábios que me vinham quando você me surpreendia de alguma forma.
Preciso de espaço! Do espaço que insistia em roubar do teu armário, espaço que eu usava pra infiltrar um pouco mais as minhas coisas no meio das suas, do espaço que eu tinha quando invadia teus banhos com toda a minha má intenção.  Ou então, eu só precise do espaço que eu tinha na sua vida.
Quem sabe eu precise recomeçar. Assim, recomeçar de onde parei. Como naquela tarde, que caminhávamos pela rua e eu me equilibrava no meio fio. Você me fez rir, eu perdi o equilíbrio e cai. Rimos mais ainda e você me ajudou a recomeçar. Recomecei ouvindo o som da tua risada como motivação.
Preciso de espaço dentro do teu espaço, entende?
De uma gargalhada que seja fruto de uma bobeira sua, de sentir minha pele arrepiada por um toque seu ou de limpar o espelho embaçado por causa dos teus banhos escaldantes.
Minha vida se tornou algo banal, repleta apenas dos meus silêncios. O casual entra, umas bebidas, cigarros, bares e um ou outro corpo. Mas nada disso consegue chegar perto de completar meus silêncios.
É uma necessidade quase angustiante! Faz falta onde não deveria fazer. Você acabou se metendo onde não devia. Sua respiração está fazendo falta no silêncio do meu quarto. A roupa que roubei de você já não tem mais o teu cheiro, esse cheio da tua pele que tinha o poder de acalmar até o meu mais profundo medo.
Eu aprendi a viver sem a tua presença ativa, sem a tua voz, brigas, conversas e tudo mais. Você não foi justo, se meteu na minha solidão. Existe muito de você no meu vazio. Como seguir se meu silêncio precisa de você?