domingo, 29 de junho de 2014

Uma noite.

Era inteligente e timidamente charmoso. Gostei da cor dos olhos, do tom da pele e do cheiro. Algo acontece em algum universo paralelo quando você olha nos olhos de alguém pela primeira vez. Quando olha de verdade, olha querendo achar alguma coisa ali. Eu olhei e vi olhos tristes, com um ar de segredo e eu quis desvendar todos aqueles segredos.
Todo o assunto fluiu bem, com uma sincronia daquelas que precisam ser feitas à mão e com delicadeza. Ele falava com uma voz doce de quem tinha toda a certeza do que estava falando e eu observava o rosto dele enquanto meus ouvidos eram massageados por aquela voz.
Em certo momento, pegou um cigarro, colocou na boca e fez uma cara de mal enquanto acendia. Nesse momento eu parei de falar e só observei, na verdade, parei até de pensar enquanto meu corpo acendia. Esticou o braço e me ofereceu um cigarro. Eu estava há uns seis meses sem fumar, achava aquela marca forte e eu nem estava com vontade, mas eu simplesmente não consegui negar.  Ele ofereceu e eu passei a querer.
Eu sorria imaginando qual seria o gosto da boca dele, se os lábios eram tão macios quanto aparentavam ser, se as mãos grandes eram firmes. A noite deveria ser quente, mas foi agradável e até aprendi como o mundo deveria girar. A lua estava cheia e grande e descobri que algumas pessoas viam algo dentro dela. Olhávamos
pra cima enquanto eu aprendia mais sobre o assunto. Eu vi delicadeza naquele olhar e fiquei com medo de provar aquela boca no meio da explicação.

Chegou a hora de ir, eu olhei no fundo daqueles olhos mais uma vez antes de virar as costas, e certamente o sol nasceu de forma linda em algum lugar.