segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Nego rei.

Teu cheiro gruda na minha cama
deixa a marca dos dedos 
e da tua boca na minha pele. 
Meu corpo responde aos teus comandos de um jeito quase servil. 
Como se reconhecesse as digitais.
Quando esta dentro do meu corpo, exerce o papel de rei do meu mundo. 
Realeza que controla meus gemidos
a intensidade da minha respiração 
e escolhe minhas posições. 
Não tem pena de mim
Só para quando não aguento mais
Quando meu corpo treme 
E minhas unhas te ferem a pele.

Eu sou sua. Afirmo com tom
De quem poderia repetir.
Te envolvo no meu corpo
Rei desse corpo.
No meu ouvido te conto segredos
Das minhas vontades.
Revelo meus planos. 
Imploro pra que não saia de mim. 
Teus dentes mordem minha carne
E eu quero ser tua descoberta.
Arrumo e deito com teu travesseiro
Às nove eu era sua, às vinte e três
Sou mais.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Meu homem.

Teus olhos negros
De lua cheia,
Iluminam meu coração.
O sorriso compassado
em meus ouvidos

Como música
De amor.
Vejo teu rosto
Lembro do gosto

Da boca doce.
Amo o breu do teu olhar
Me encanto com a luz 
Que eles transmitem.



Teu corpo
Sendo meu

Sendo um

Sendo nós.
Um corpo.

Tua respiração ofegante
Tem melodia calmante.
O corpo quente
Me faz tremer e gemer.

Me olha agora
Vem junto comigo!

Forte!

Fundo!

Meu homem.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Neblina

Pelo movimento da poesia
num dia de praia sem vento
Nossa poesia flui por cortesia
sendo alimentada pelo cuidado.
As nuvens não resistiram a nós,
Nos seguiram e desceram do céu,
cobriram nossos corpos de orvalho
e eu te beijava em frente ao mar.
Os teus olhos refletindo os meus.
meu corpo em sintonia com o teu.
O sol  aqueceu nossos beijos.
Os nuvens subiram ao céu
atras das montanhas o sol se escondeu
Ficamos nós com a areia nos pés.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Silêncios.

Antes, há algum tempo atrás, eu escrevia como quem fosse morrer, mas eu me encontrava em um lugar muito seguro. Pessoas elogiam minha coragem, e eu nunca conseguia entender. A minha exposição vinha de tudo aquilo que existia na minha cabeça, meus carrascos eram imaginários e os poucos que eram reais não existiam no mesmo mundo que eu.
 “Parabéns por se expor dessa forma, sem amarras com a possibilidade de magoar e principalmente por dar a cara pra bater.” 
Hoje, tendo a liberdade de sentir de verdade o que preciso passar para o papel, eu não consigo me expor. Existo em palavras, mas vivo em silêncios.
As palavras em minha alma entendem perfeitamente o estado do meu corpo, e com isso, elas me “perturbam” mais. Não existem mais textos vagando pela minha cabeça. Por fazerem parte de mim, conseguem entender todo o medo que existe, todo o risco que corremos. Como se ao escrever uma frase, pudéssemos perder o amor. Hoje eu consigo entender toda a covardia do sentir, que sem estar segura, eu não consigo me expor em mais nenhuma linha. Sinto-me como uma fraude, já que a coragem não existiu aqui quando eu realmente precisei.
Corri riscos e preferi calar. Silenciei aquilo que nunca me permitiu ficar sozinha. Hoje sou silêncios. É como estar no lugar mais lindo do mundo e preferir manter os olhos fechados.

Eu calei. 

domingo, 29 de junho de 2014

Uma noite.

Era inteligente e timidamente charmoso. Gostei da cor dos olhos, do tom da pele e do cheiro. Algo acontece em algum universo paralelo quando você olha nos olhos de alguém pela primeira vez. Quando olha de verdade, olha querendo achar alguma coisa ali. Eu olhei e vi olhos tristes, com um ar de segredo e eu quis desvendar todos aqueles segredos.
Todo o assunto fluiu bem, com uma sincronia daquelas que precisam ser feitas à mão e com delicadeza. Ele falava com uma voz doce de quem tinha toda a certeza do que estava falando e eu observava o rosto dele enquanto meus ouvidos eram massageados por aquela voz.
Em certo momento, pegou um cigarro, colocou na boca e fez uma cara de mal enquanto acendia. Nesse momento eu parei de falar e só observei, na verdade, parei até de pensar enquanto meu corpo acendia. Esticou o braço e me ofereceu um cigarro. Eu estava há uns seis meses sem fumar, achava aquela marca forte e eu nem estava com vontade, mas eu simplesmente não consegui negar.  Ele ofereceu e eu passei a querer.
Eu sorria imaginando qual seria o gosto da boca dele, se os lábios eram tão macios quanto aparentavam ser, se as mãos grandes eram firmes. A noite deveria ser quente, mas foi agradável e até aprendi como o mundo deveria girar. A lua estava cheia e grande e descobri que algumas pessoas viam algo dentro dela. Olhávamos
pra cima enquanto eu aprendia mais sobre o assunto. Eu vi delicadeza naquele olhar e fiquei com medo de provar aquela boca no meio da explicação.

Chegou a hora de ir, eu olhei no fundo daqueles olhos mais uma vez antes de virar as costas, e certamente o sol nasceu de forma linda em algum lugar. 

terça-feira, 27 de maio de 2014

As cores


Sinto saudade da poesia

que era como brisa
acalmando os meus dias.

Poesia que escondia sonos
derramava lagrimas sutis 
mas sempre, sempre, sempre
mantinha minha alma calma.

A vida me sorriu amor
amor que sempre existiu aqui
como um desenho perfeito.

Quando a poesia calou
o cinza roubou as cores.
Pelo reflexo triste no espelho
senti a alma sem calma.

Minha cabeça angustiada
Aguarda as cores
e a paz da poesia. 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Precisar

Assim que acordei, senti a claridade me machucando a retina, o sol estava forte e quente, mas era a sua barba que me espetava as costas. Eu estava presa em seus braços e sem a menor vontade de ir embora, sem o menor anseio de ser livre. Com vontade ou sem, eu precisava ir, o meu tempo é calculado e eu preciso me manter sã.  Não sabia como me desvencilhar daquele abraço. Quanto maior a minha tentativa, com mais carinho eu era presa.
Eu fiz força, controlei minhas vontades e consegui sair dos seus braços sem te acordar. Seu semblante era calmo, dormia em paz sem saber que eu estava prestes a ir embora. Eu calculei o fim e estava prestes a consuma-lo. Fui covarde e não te avisei. Teu olhar tem o dom de me fazer esquecer do mundo, mas veja bem, isso já estava indo longe demais.
Coloquei-me de castigo por ter perdido o controle, por ter esquecido as regras, por estar precisando tanto morar dentro desse abraço. E foi a unica vez que eu entreguei a minha alma e permiti alguém a desbravasse. Entreguei-te meu tesouro e tudo o que tinha de melhor. Mas não aguentei ficar tão exposta desse jeito. Você me olhou diferente e fui essa diferença que me causou tanta dor em sair dos seus braços.
 Fui tomar banho chorando em silencio, desejando com todas as forças que você acordasse e não me deixasse ir. Arrumei minhas coisas, mas antes de sair e finalmente cometer o ato mais covarde da minha vida, eu te olhei e desejei ficar um pouco. Peguei minhas coisas e fui embora, entrei no carro chorando como se tivesse acabado de perder um pedado meu. Percorri todo o caminho de volta pra casa com a sensação de que estava esquecendo alguma coisa. Eu já não tinha mais tanta certeza do que eu estava fazendo, não sabia se eu precisava me privar desse jeito pra estar segura. Mas num ato de coragem ou loucura, eu dei meia volta, passei no mercado e comprei um milhão de mimos, planejei dois milhões de sorrisos e voltei. Cheguei a tempo de te acordar e te fazer sorrir, mesmo estando aos pedaços. O meu mundo caiu em mim e eu nem consegui fugir, voltei por causa desse sorriso e desse olhar.
Estou aqui em pânico e nem posso implorar pra ser cuidada e tratada com cautela. Não posso dizer que estou morrendo de medo e que esta exposição esta me fazendo surtar.
Eu apenas te olho e sorrio, mas meu coração grita:

Por favor, me precisa de volta!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sabedoria do tempo.

Mantenho a casa arrumada,
os bibelôs sempre impecáveis
e afasto a poeira dos móveis.
Espero com a sabedoria
de quem respeita o tempo.
Os dias passam de forma suave,
o coração bate apreensivo  
a espera é incerta.

Eu sei que ele pode nunca chegar.
O destino pode não presentear
com toda essa sorte.
Mas eu espero.

Mantenho a casa arrumada
capricho no jardim.
 Arranco-te sorrisos.
Planto paz em teu peito.
Espero com a sabedoria
de quem respeita o tempo.
Espero com o desespero

de quem tem pressa.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Retrato

Recolho todas as
culpas do caminho. 
Tão egocêntrica que
guardo todas pra mim.
Dizem que me vejo
torta no espelho,
tão pequena
e sem valor.
Eu recolho 
culpas no caminho. 
É melhor pensar
que não mereço, 
que minha feiura
bloqueie a oferta
de ternura.
A falta da oferta
me doi por dentro.
O egoísmo sempre
me oferece culpas.
Sempre.
Talvez eu mereça
uns castigos
lágrimas
e afins.

Me acho pouco
por isso recolho as culpas.
Quem sabe eu posso
tentar o perdão
e implorar um pouco
de amor.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

No meio do abraço.

No meio do abraço
Bem naquele espacinho
Que divide o eu do tu
o tu do eu e é morada do nós.

Esse meu amor calado
Que ama travado,
E é preso num nó
Nó que o orgulho deu.

Meu amor habita
No meio do abraço,
Mora no meu pedaço
Mas vive querendo ir pro seu.

Veio no tempo exato
Mas errou o pouso
Existiu em mim
Quando deveria existir em nós.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Em mim.

Deita no meu corpo e me faz de colchão. Deita no meu corpo e vira meu cobertor. Dorme em mim. Do meu lugar consigo ouvir teu coração bater. Ouço o seu e sinto o meu. Batem em ritmos diferentes, mas na mesma sintonia.
Sinto o movimento da sua respiração, teus músculos relaxados e a sua barba a se mostrar existente quando pinica o meu rosto. Se por um acaso eu encontrasse um cobertor daqueles que abraçam a gente, sabe? E ele fosse o melhor do mundo, mesmo assim eu iria preferir ser a tua cama pra você ser o meu cobertor.
Eu iria preferir sentir tudo isso, mesmo com todo o medo, com todas as travas e coisinhas, minha preferencia continuaria sendo sua. Em ser sua.
O medo existe e ele quase sufoca, mas eu me lembro dos seus olhos e do jeito que você parece precisar de mim durante o seu sono, o jeito como seus olhos sorriem pra mim, como se chega querendo carinho e toda essa vontade que existe em mim de te fazer feliz.
Conversamos em segredo e dentro de um esconderijo o que eu deveria dizer em voz alta, num grito pra qualquer um ouvir, mas eu não disse e não digo.
Um monte de orgulho querendo vencer uma batalha. Mas a guerra já foi perdida. Como sempre, você passou com facilidade por todas as minhas barreiras e muros. E enquanto eu tentava organizar a linha de defesa, você se encontrava com o premio nas mãos e um sorriso no rosto. De forma simples venceu meu jogo e eu nem me dei conta.
Eu travei todos os textos que não deveriam existir, eu calei todas as palavras que não poderiam sair da minha boca. Chorei palavras. Me debulhei poemas e declarações.
Ando engolido algo que precisa sair. Precisa voar e aliviar o meu peito. Tenho curiosidade de ver a sua ao ouvir. Mas eu não digo. Eu travo, me escondo, engulo e calo.

Calo querendo dizer e sem coragem de falar.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Travou.

Vez em quando
O choro é travado
Pelo nó que bloqueia a garganta.
Mas nem sempre adianta
O choro acontece na alma

Mesmo sem existir nos olhos.

Por dois.

Quero teu colo
Quieto no silêncio.
Tua pele escura
acalmando a algazarra
da minha cabeça.
Quero a calmaria
que o seu olhar possui.
Minha alma anda ansiosa
Ando com medo,
Mas não saio do lugar.

Quero ouvir o som da sua vida
deitar no seu peito
e sentir o mundo fazer sentido.
Ou eu não ligar mais.
Pelo menos por um tempo.

Talvez por dois.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Caminho.

      Por mais que eu possa reclamar da vida, você acabou exercendo um papel bom sobre mim (se fizermos uma reviravolta no ponto de vista). Deu-me um exemplo vivo do tipo de pessoa que eu não quero ser, virou ponto de referencia e fonte motivação. Imagina se você não estivesse na minha vida? Eu correria o risco de me olhar no espelho daqui a uns anos e ver o teu reflexo. Credo! Isso seria uma coisa horrível. Vejo os teus passos e sigo por outro caminho e de preferencia um caminho que me leve pra bem longe.
     A nossa ligação é algo real e poderosa. Algo que me arremessa poderosamente contra o chão. Essa força já me manteve no chão, mas hoje eu já me encontro de pé. Ainda caio, mas o chão não é meu lugar.
     O amor que existe em mim cura a dor da tua agressão, minha alma filtra a magoa e vira poesia. Mesmo que demore.
     Você morreu e me matou, mas voltei das cinzas. Foi alguém com poder, ajudou-me a ser melhor, a fugir do caminho do sangue. E olha que eu já tinha te acusado de nunca ter me ensinado nada.
 Ajudou-me a não ser você.

Te agradeço.